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Sydney, N.S.W., Australia
Aos 12 anos de idade comecei como aprendiz com meu pai, na construção, reparação e afinação de Harmónios. Reparação e afinação de Pianos e Órgãos de Tubos. [instrumentos musicais] Aos 16 anos trabalhava por conta própria. Com 22 anos tinha a Carteira Profissional na especialidade de Rádio e Electrónica, que me permitiu trabalhar nos acordeões e órgãos electrónicos, amplificadores de som, e acumulei ao meu trabalho nos instrumentos, a manutenção do controlo electrónico das novas máquinas instaladas na “FACAR”, em Leça da Palmeira, Matosinhos. Aos 27 anos fui para a Holanda com uma bolsa de estudo onde me aperfeiçoei na Construção, Manutenção, Afinação e Restauro dos Órgãos Antigos ou Históricos. Trabalhei como Organeiro na Gulbenkian em Lisboa, de 1970 a 1974, e como Encarregado da Orquestra Gulbenkian, de 1974 a 1980. Em 1980 emigrei para trabalhar no restauro do "Sydney Town Hall Grand Organ". Em 1990 como "Mestre Organeiro" foi-me entregue, a conservação, manutenção e afinação daquele prestigioso Órgão, no qual trabalhei 31 anos, até me aposentar em 2011. com 72 anos de idade. Ver mais no meu CURRÍCULO.

Monday, March 25, 2013

Solenidades da Semana Santa



25-3-2013



                                QUINTA-FEIRA SANTA, 1977 ou 78.

Estava programado e já anunciado publicamente com semanas de antecedência, um Concerto a ser realizado no Mosteiro da Batalha, com a Orquestra e Coro Gulbenkian, cujo programa se integrava nas solenidades da “Semana Santa”.

Na Igreja do Mosteiro teria de ser montada uma bancada, ou estrado apropriado para a acomodação do Coro, o estrado para o Maestro, cadeiras e estantes para a Orquestra, assim como um  sistema  portátil de iluminação.

Esta montagem teria de ser feita no mesmo dia do Concerto, e desmontada logo após este ter terminado, afim de deixar lugar para as cerimónias do dia seguinte, Sexta-feira Santa. O retorno de todo o material poderia ser feito na semana seguinte.

Todo esse equipamento teria de ser transportado das instalações da Fundação, e os “técnicos”, 2 ou 3 carpinteiros com os seus ajudantes, trabalhadores da Fundação e que habitualmente faziam esse trabalho de montagem e desmontagem, deveriam deslocar-se para esse efeito, sendo-lhes pagas ajudas de custo, refeições e horas extraordinárias.

A Orquestra e o Coro sairiam de Lisboa logo após o almoço, para terem um ensaio de colocação cerca das 3 horas da tarde, e à noite o Concerto. Pelas 7 horas da manhã, uma camioneta com dois ajudantes transportaria todo o material, assim como as 3 caixas com Tímpanos e os Contrabaixos, que devido ao seu volume não iam no autocarro juntamente com a Orquestra. 

Na véspera desse dia, Quarta-feira, os trabalhadores dão conhecimento ao Serviço de Música, departamento responsável pela realização do Concerto, que decidiam não trabalhar na Quinta-feira Santa por ser feriado, e como tal lhes assistia o direito a dia de descanso, conferido pelo Sindicato!

Perante tal decisão, o Concerto teria de ser cancelado à última da hora, com todas as inconveniências por falta de tempo para dar conhecimento ao público, e para as 150 pessoas da Orquestra e Coro, para não falar de todas as despesas envolvidas e da reputação da própria Gulbenkian!

Toda uma situação resultante da falta de profissionalismo, apoiados ou instigados pela prepotência ou determinação de poder dos Sindicatos Progressistas.

Entre o dilema do cancelamento do Concerto com todas as consequências implicadas, e tomar uma atitude que resolvesse essa crítica situação, fui junto do então Director do Serviço, este numa situação bastante embaraçosa com o acontecimento, e comprometi-me a viabilizar aquele concerto, tomando a responsabilidade de organizar com a Câmara da Batalha o transporte e ajuda de pessoal para a carga e descarga de todo o material, da Fundação para o Mosteiro.

Com a colaboração do pessoal camarário, uma camioneta com alguns homens, e a ajuda de dois dos serventes já acostumados à montagem daquela bancada para o Coro, pus-me a fazer aquilo que na Holanda tinha também aprendido: trabalhar lado a lado com aqueles homens, sem preconceitos sociais ou profissionais, carregando ferro e madeira, dando o exemplo e o estímulo, que resultou num sucesso, tendo o Concerto sido realizado ao agrado do público, e sobretudo de quem trabalhou para que tal tivesse sido possível.

Tenho as minhas dúvidas que esta história possa fazer parte do arquivo do Serviço de Música, ou da Fundação Calouste Gulbenkian, mas creio existir ainda quem se possa recordar, e espero que acontecimentos desagradáveis como este, nunca tivesse voltado ou volte a acontecer.

O então Encarregado da Orquestra Gulbenkian até 1980, Manuel SARAIVA DA COSTA.

Manuel da Costa
Sydney, 25 de Março de 2013

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