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Sydney, N.S.W., Australia
Aos 12 anos de idade comecei como aprendiz com meu pai, na construção, reparação e afinação de Harmónios. Reparação e afinação de Pianos e Órgãos de Tubos. [instrumentos musicais] Aos 16 anos trabalhava por conta própria. Com 22 anos tinha a Carteira Profissional na especialidade de Rádio e Electrónica, que me permitiu trabalhar nos acordeões e órgãos electrónicos, amplificadores de som, e acumulei ao meu trabalho nos instrumentos, a manutenção do controlo electrónico das novas máquinas instaladas na “FACAR”, em Leça da Palmeira, Matosinhos. Aos 27 anos fui para a Holanda com uma bolsa de estudo onde me aperfeiçoei na Construção, Manutenção, Afinação e Restauro dos Órgãos Antigos ou Históricos. Trabalhei como Organeiro na Gulbenkian em Lisboa, de 1970 a 1974, e como Encarregado da Orquestra Gulbenkian, de 1974 a 1980. Em 1980 emigrei para trabalhar no restauro do "Sydney Town Hall Grand Organ". Em 1990 como "Mestre Organeiro" foi-me entregue, a conservação, manutenção e afinação daquele prestigioso Órgão, no qual trabalhei 31 anos, até me aposentar em 2011. com 72 anos de idade. Ver mais no meu CURRÍCULO.

Monday, February 25, 2013

"MAS... com certas reservas"


26-2-2013
      “MAS…com certas reservas”  

Alguém me perguntou sobre o que quero dizer quando me declaro como “Católico convicto e praticante, mas…com certas reservas”.

A alguns já tive a oportunidade de os esclarecer, e para outros a quem não o fiz, aqui vai o esclarecimento: 

Desde muito pequeno, mesmo antes de ter ido para a escola primária, minha mãe me levava com ela a uma capela próxima, durante o mês de Maio para assistir ao Mês de Maria.

Todos os Domingos e Dias Santos, a família não se dispensava de assistir à Missa, e fazer parte em algumas cerimónias religiosas durante o ano.
Assim fui educado, e já depois de ter feito a Primeira Comunhão aos 10 anos, idade que era habitual nessa altura, continuei a frequentar a Igreja, o Oratório Salesiano nas Oficinas de São José, e mais tarde no Colégio dos Órfãos no Porto, onde aprendi a ajudar à Missa em latim, como era usado nessa época.

Sem qualquer presumível fanatismo, tenho seguido Religião Católica até aos dias de hoje, e espero continuar, embora com algumas reservas.

Todos os meus ascendentes eram Católicos, e eu sempre me senti vocacionado para seguir a mesma Igreja com a mesma convicção. Casei com quem partilhava do mesmo credo, e eduquei os meus filhos para que seguissem o mesmo. Todos os meus filhos estão baptizados, assim como os meus oito netos, na religião Católica.

Na minha carreira profissional, afinando e reparando harmónios e órgãos em igrejas por todo o Portugal, Holanda e Austrália, lidei com muitos sacerdotes. Entre eles, havia diferentes personalidades, uns mais brincalhões e com habilidade para cativar as pessoas e outros mais sisudos, mas sempre e dignamente mantendo o respeito e fazendo-se respeitar. Entre eles, os que procuravam evangelizar com princípios cristãos, e outros que apenas procuravam impor-se ao seu semelhante, conforme o dito “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”!

Conheci o Padre Alcino de Azevedo, um dos mais respeitáveis sacerdotes com quem convivi, que foi Pároco da Sé do Porto nos anos 50, onde fui “organista” e catequista. Anteriormente os Salesianos Padre Júlio Azimonti e Padre Lino Ferreira, a quem admirei a maneira e a dedicação no tratamento com os jovens, tendo sido meus guias espirituais.

O facto de ter nomeado apenas esses três, não excluo uns tantos outros com quem mantive relações de amizade e profissionais, a quem estimei e por eles fui estimado.
Nesse tempo havia um conceito de educação e respeito que recordo com certo apreço. Claro que havia, há e haverá excepções: aqueles abjectos que nunca deveriam ter existido e que são o asco e a vergonha da Igreja, por diversas razões que infelizmente todos nós conhecemos, mas que aqui não tem cabimento.

Padres de vocação e espírito cristão em todo o sentido da palavra, creio que é um facto raro nestes tempos que correm. Esses poucos que ainda existem poderão ser desacreditados por aqueles que o pretendem ser, e que não passam de falsos profetas.

Padres por profissão que se servem da sua ocupação na Igreja com a finalidade de se governarem em proveito próprio, ascorosos, enganando e extorquindo ricos e pobres, manifestando a sua opulência, prepotência, falta de honorabilidade ou dignidade, falseando assim a sua missão de seguidores de Cristo.
Neles se notam o seu endeusamento em vez da humildade que apregoam ao povo. Os seus maus exemplos de ambição e sem preocupações éticas para dominar e serem servidos nos seus próprios interesses materiais, não condizem com a doutrina de Cristo.

Eu, como Católico convicto e praticante, que assim quero continuar fiel ao catolicismo até ao final dos meus dias, lamento ter de o dizer, mas foi no conviver e no lidar com alguns Padres, ou supostos Padres, já para não falar de alguns dos seus superiores, que assim vim a constatar ao longo da minha vida profissional e pela idade que tenho.
Aqui poderia apresentar alguns exemplos e casos, mas não é essa a intenção ou a finalidade porque estou a escrever e lamentar situações menos felizes na Igreja Católica. Aliás, a História o tem confirmado.                

Como tive já ocasião de o dizer algum tempo atrás, a religião Católica Romana que professo, comparo-a a um Jardim ou a um Pomar onde se encontram lindas e perfumadas flores, frutos diversos e saborosos, embora se encontre espalhada pelo meio alguma podridão, ou sejam essas abjectas criaturas que pretendem servir-se da religião como ocupação e não por vocação, dando exemplos anti-cristãos e promovendo a descrença naqueles com fé mais debilitada. Esses ”profetas” considero-os apenas como excremento ou o estrume, como assim devem ser tratados, sem qualquer qualidade fertilizante.

Esta é a razão porque me considero Católico, religiosamente convicto e praticante, "MAS… com certas reservas".

NO MEIO SÉCULO DA ORQUESTRA GULBENKIAN

28-9-2012

NO MEIO SÉCULO DA ORQUESTRA GULBENKIAN

"MEMÓRIAS" DE UM ORGANEIRO PORTUGUÊS, QUE TRABALHOU COMO ENCARREGADO DA ORQUESTRA GULBENKIAN EM 1970 A 1980, ATÉ SE “REFUGIAR” NA AUSTRÁLIA QUE O ACOLHEU E LHE DEU O VALOR MERECIDO, E ONDE SE SENTIU REALIZADO PROFISSIONALMENTE, TENDO-SE APOSENTADO EM 2011 COM 72  ANOS  DE   IDADE,  TENDO  OCUPADO   UM   LUGAR  DE  PRESTÍGIO  EM  SYDNEY


    A MINHA “PASSAGEM” PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN, EM LISBOA

Em 1964 estava a Fundação à procura de alguém com aptidão para dar assistência aos Órgãos de Tubos em Portugal, após a aquisição do novo órgão para a Catedral de Lisboa, e previsto o restauro de órgãos históricos em Portugal. Nesse tempo não havia ninguém com capacidade de o fazer.

Um dia fui abordado por um funcionário do Conservatório de Música do Porto, que eu havia frequentado, que tendo conhecimento do meu trabalho em pianos, órgãos e harmónios, me perguntou se eu estaria interessado numa Bolsa de estudo para a especialização no estrangeiro, em órgãos de tubos. Não perdi essa grande oportunidade, e fui então apresentado à senhora D. Ofélia Diogo Costa, pessoa muito conceituada no meio musical Portuense e da Fundação, que depois de me conhecer, foi com entusiasmo que deu conhecimento para Lisboa, que tinha encontrado quem reunia todas as condições necessárias e estaria interessado naquela especialização.

Aproveitando a passagem por Lisboa do senhor Flentrop, da fábrica de órgãos na Holanda e com quem a Fundação estava envolvida, tive uma entrevista com ele, tendo sido aceite todas as condições exigidas para essa Bolsa, e marcado o começo da minha “aprendizagem” na sua fábrica.

Durante os 5 anos de especialização na Holanda, passaram pelas minhas mãos o restauro do órgão da Sé de Évora, e dos dois órgãos históricos da Sé do Porto. O órgão do Grande Auditório, teve na sua construção a maior comparticipação do meu trabalho, sendo eu também o responsável pelo sistema eléctrico que dele faz parte.

A sua instalação no local onde se encontra e para o qual havia sido desenhado, foi feita sobre a minha orientação, assim como na sua conclusão assisti à intonação e afinação final, executada pelo principal dessa especialidade, da Flentrop, e com quem previamente eu havia trabalhado durante o tempo que me foi estipulado.

                                                                      *   *   *   *   *

No início de 1970, após a conclusão da Bolsa e dos órgãos da Sé do Porto, meu último trabalho como bolseiro, fui admitido como funcionário do Serviço de Música, onde fui integrado como organeiro, e me foi dada também como tarefa nos tempos livres, o cargo de Encarregado da Orquestra Gulbenkian, em conjunto com o respectivo Arquivo Musical.

Os tempos livres eram aqueles que não colidiam com as afinações e manutenção dos órgãos ao meu cuidado, novos e restaurados, assim como nas desmontagens e montagens dos órgãos que iriam ser restaurados fora do País, conforme os acordos estabelecidos com a Gulbenkian.

Os trabalhos relacionados com órgãos, ocupariam em média nessa altura, uns 4 a 5 meses por ano, sendo os restantes 7 a 8 meses ocupados com a Orquestra. Isto até 1974, vindo a minha situação a ser alterada pelos acontecimentos resultantes do 25 de Abril, quando me foi imposto que exercesse apenas uma das tarefas, neste caso a de maior percentagem em tempo, ou seja, ter de trabalhar unicamente com a Orquestra.

Esta situação manteve-se até ao final de 1979, quando tendo eu sido admoestado por defender a propriedade da Fundação, me indignei e aproveitei a oportunidade de continuar a minha vida profissional de organeiro, na Austrália.

Durante o tempo que trabalhei com a Orquestra, tive bons e maus momentos, quando tive de lidar com alguns dos seus instrumentistas de fraco carácter e pretensiosos, que tentaram sem  no entanto o conseguirem, que eu fosse um serviçal à sua disposição.
Outros, possuidores de dignidade profissional e humana, compreendendo o trabalho ingrato que eu tinha entre a Direcção do Serviço e a Orquestra, sempre me trataram condignamente, e franco entendimento, criando-se um apreço recíproco.

A certa altura, a minha relação com o Administrador do Pelouro da Música tornou-se crítica, quando me recusei a dar informações sobre o que se passava no meio da Orquestra, uma vez que o que ele pretendia saber sobre a Orquestra, nada tinha a ver com a actividade profissional. Como resultado da “falta de colaboração”, o ter sido recusado o meu pedido de regresso à minha profissão, não só referente aos órgãos, mas a cravos também.

Posteriormente quando me foi considerada essa possibilidade, era já tarde demais. Eu estava comprometido com a firma australiana empenhada no meu trabalho, e que já tinha tratado de toda a documentação para a emigração.

Devo acrescentar que antes de finalizar a licença sem vencimento pelo período de um ano que me havia sido concedida, dei a conhecer à Fundação que estaria disposto a regressar ao meu trabalho específico nos órgãos em Portugal, como reconhecimento e gratidão pelo que a Fundação tinha dispendido comigo e com minha família durante a Bolsa, se me fosse prorrogada por mais outro ano a licença sem vencimento, tempo esse que eu necessitava para recuperar o tempo perdido da minha profissão, nos 5 últimos anos de trabalho com a Orquestra.

Infelizmente ou Felizmente, essa concessão não foi considerada, e em contrapartida foi dada outra Bolsa a quem não possuía a mesma preparação e conhecimento. Simplesmente inacreditável, o que demonstra o pleno desprezo por quem com dignidade e lealdade não quis trair os colegas, fornecendo informações privadas de que poderia ter conhecimento, e que com o seu trabalho honesto e competente, dedicação, profissionalismo e lealdade, tinha servido aquela Fundação.

O começo do meu trabalho com a Orquestra, não foi de difícil adaptação, pois contei sempre com o apoio do então Director Artístico, o maestro Werner Andreas Albert que sem qualquer snobismo ou comprometimento para sua dignidade e posição artística, muitas vezes me ajudou nos trabalhos da colocação da Orquestra, quando muitos dos instrumentistas se recusavam a fazê-lo.

Sempre fiz o meu trabalho com responsabilidade, eficiência e dignidade, sem esquecer a gratidão que tinha para com a Fundação, e especialmente na pessoa da saudosa Directora do Serviço de Música, Dra. Maria Madalena de Azeredo Perdigão, por quem fui apreciado, e que viria a ser “saneada” pelos oportunistas da época “progressista” do 25 de Abril.

Ao seu sucessor, Dr. Luís Pereira Leal, devo-lhe a sua percepção pela ingrata tarefa que eu tinha com a Orquestra, e tenho a agradecer-lhe a confiança que depositava em mim, dando lugar a uma estima recíproca.

Posso aqui mencionar um episódio entre muitos outros, que poderá justificar essa confiança merecida:

Numa Semana Santa em que estava programado e anunciado um Concerto no Mosteiro da Batalha, com o Coro e Orquestra Gulbenkian, este esteve na iminência de à última hora ser cancelado, porque o pessoal que na Fundação estava encarregado do transporte e montagem dos estrados para acomodação dos coristas, se recusou a trabalhar por se encontrarem com direito a folgar nessa Quinta-feira Santa. Decisão tomada na véspera do Concerto anunciado. Direitos adquiridos e aprovados naquela ocasião pelas Comissões de Trabalhadores e Sindicatos.

O Director do Serviço de Música, e como tal, responsável pelo evento então comprometido, acedeu e confiou plenamente em mim, quando me prontifiquei e tomei o compromisso e responsabilidade para viabilizar esse Concerto, salvaguardando uma situação embaraçosa da qual não só seria prejudicial para toda a organização desse Concerto, como seria uma falta de respeito para com Público, implicando desnecessariamente o nome da Fundação Calouste Gulbenkian.

Com a ajuda de trabalhadores da Câmara da Batalha, que nesse próprio dia do Concerto, logo de manhã cedo estava com uma camioneta na Fundação,  fez-se o transporte de todo o material e instrumentos. Às 3 horas da tarde, chegada a Orquestra e o Coro, tudo estava pronto para começar o ensaio geral de colocação.

Para que tal fosse possível, o Encarregado da Orquestra não se importou de “comprometer o seu prestígio ou dignidade” quando trocando a sua roupa por um fato macaco, ajudou na carga e descarga de todo aquele material, e na montagem dos estrados, a par do pessoal camarário para o efeito ali disponível.

Talvez por esta e muitas outras actividades executivas que eu exerci, por na Holanda ter aprendido a trabalhar e perder aquele snobismo tão patente nos portugueses, tenha merecido a consideração e estima daqueles que em mim confiaram.

A minha frustração profissional como organeiro e a insatisfação de me sentir injustiçado, estava a levar-me a um estado crítico de depressão, o que só terminou quando eu em vésperas de deixar a Fundação, já com o Passaporte de Emigrante e Vistos de entrada na Austrália para mim, minha esposa, duas filhas e um filho, de 17, 11 e 5 anos, estava preparado a deixar o País no dia seguinte, se tal fosse possível.

Apanhado de surpresa, o Dr. Pereira Leal quando lhe dei conhecimento da minha intenção, não me deixou realizar os meus intentos, sem que para isso ele obtivesse para mim, uma licença sem vencimento que garantisse o meu retorno à Fundação, continuando assim o meu emprego, caso por qualquer motivo, até familiar, me visse obrigado a regressar a Portugal. Esta atitude jamais poderei esquecer e de lhe estar reconhecido.

                                                                    *   *   *   *   *                               

 Desde que cheguei à Austrália, já lá vão mais de 32 anos, sinto-me recompensado por tudo aquilo que o meu País me negou, e onde poderia ter perdido inclusivamente a saúde, devido à injustiça e à frustração profissional.
Aqui fui acolhido com dignidade e apreço, sendo-me oferecido o que o meu País não me quis dar, desperdiçando uma pequena fortuna na minha preparação.

Naturalizei-me em reconhecimento ao País que me deu a oportunidade de trabalhar e viver dignamente, de educar os meus filhos, proporcionando-lhes as suas formaturas, para que possam desfrutar de uma vida cómoda e feliz, assim como a todos os meus netos. Com a graça de Deus, todos nós bem sucedidos.

Presentemente com 74 anos, aposentado aos 72 mas sem pensão do Governo, posso dizer que vivo desafogadamente, sem luxos mas confortável, fruto das minhas economias resultantes do árduo e honesto trabalho durante 32 anos, empenhando-me em garantir a minha pensão de sobrevivência, ao contrário daqueles que nada fizeram, mendigando agora a sua modesta ou insuficiente pensão e sujeitos a um apertado controlo fiscal.

De Portugal, a terra onde nasci, tenho as minhas raízes, família e amigos, sinto Saudade da Juventude, da Educação e Formação que recebi, e a tristeza de ter de assistir ao estado caótico em que se encontra.

Manuel SARAIVA DA COSTA
                                                                  
Sydney, 28 de Setembro de 2012.


                                                               *     *    *    *    *

Lista de alguns dos nomes que ainda me recordo, de colegas com quem trabalhei e que mereceram a minha simpatia, respeito e amizade.

Serviço de Música:

Dra. Maria Madalena Perdigão, Directora
Dr. Luis Pereira Leal, Diretor
D. Fernanda Mascarenhas, Secretária da Direcção
Dra. Maria da Graça, Assistente de Direcção
Dr. Ferreira Martins, Tesouraria
António Cardoso, Tesouraria
Hélder Fernandes, Secretaria
Madalena Bravo, Secretaria
E outros de quem o nome não me recordo.

Orquestra:

Elias Arizcuren (violoncelista)
Maria Macedo (violoncelista)
José L.Corral Arteta (violinista)
António Ferreira (contrabaixista)
Ricardo Ramalho (1o. flauta)
Otílio Martins (1o. fagote)
Júlio Campos (tímpanos)
Emídio Coutinho (trombone)
Uns quantos mais nos naipes das cordas e sopros, cujos nomes de momento não me ocorrem.

AGORA RESTA A ESPERANÇA DE QUE UM DIA TODOS AQUELES, SEM EXCEPÇÃO, QUE COLABORARAM COM A ORQUESTRA GULBENKIAN DESDE O SEU INÍCIO EM 1962, POSSAM FAZER PARTE TAMBÉM DA SUA HISTÓRIA. NÃO SÓ O PESSOAL ARTÍSTICO, COMO TECNICO E ADMINISTRATIVO.
50 ANOS É UM PERÍODO RELATIVAMENTE RECENTE PARA PODEREM SER PESQUISADOS TODOS OS DADOS NECESSÁRIOS. NO ARQUIVO DA ORQUESTRA, DEIXEI DOCUMENTAÇÃO REFERENTE AO TEMPO QUE ESTEVE A MEU CARGO E RESPONSABILIDADE

“Saudade, alegria, tristeza e raiva”

21-3-2012        


Foi com certa emoção, que vi este vídeo que foi gravado muitos anos depois de eu ter saído da Fundação. Esta artista, entre muitos outros solistas portugueses de destaque, foi uma das pessoas que passaram pelo “meu trabalho” apenas como solista convidada, a quem sempre lhe foi e é reconhecido mérito artístico, nacional e internacionalmente. 

    Uma recordação composta de: saudade, alegria, tristeza e raiva.


Saudade de alguns momentos felizes e gratificantes, apesar de um trabalho extenuante quando executado fora das instalações da Gulbenkian, especialmente em tournées, mas que me deram a oportunidade de conhecer “outros mundos e outras pessoas”.

Ter encontrado rostos neste vídeo que me fizeram recordar esses bons momentos que passei com muitos dos companheiros da Orquestra.



Alegria por ver neste vídeo a presença daqueles com quem trabalhei, e saber que ainda sinto a amizade de alguns dos dignos instrumentistas que já deixaram a orquestra, só lamentando não me ter sido possível obter os seus contactos. No entanto não perdi a esperança de ainda o conseguir.



Tristeza pelo tempo que dediquei à Orquestra Gulbenkian, ter sido reconhecido profissionalmente na função de Encarregado, tendo para isso aplicado todo o meu esforço na adaptação àquele lugar, e graças ao apoio prestado pelo colega meu antecessor, José dos Reis Colaço, já falecido, assim como à colaboração e adestramento do Director Artístico, o maestro Werner Andreas Albert a quem assisti durante os primeiros 2 anos, e por fim ter de me afastar de todos aqueles amigos que lá deixei.

Ainda a parte mais penosa para mim, o ter deixado a Fundação, por ter sido a única opção que tive para não perder as minhas capacidades profissionais de Organeiro.



Raiva por me ter sentido enganado e frustrada a continuação da minha verdadeira carreira profissional, quando ao fim de 5 anos ao serviço da Fundação Calouste Gulbenkian me foi exigido o abandono dessa mesma carreira, para me manter numa posição que não era aquela a prometida e para a qual me haviam preparado!

Por outro lado, os maus momentos passados quando após o 25 de Abril, alguns dos “artistas progressistas” que na orquestra se sentiam seres superiores, pessoas sem carácter, dignidade ou respeito pelos seus próprios colegas instrumentistas, tentaram causar-me uma situação desagradável no cumprimento dos meus deveres e de lealdade para com a Fundação.

Neste vídeo não pude ignorar a presença de um deles, que embora considerado como sendo um dos piores “artistas” na orquestra, foi um dos causadores da instabilidade nas relações entre colegas.



Saraiva da Costa,  Manuel





Sydney  21-3-2012          
         

Saturday, February 23, 2013

“Possível Emigração” -- Vírus



9-1-2012

          ATENÇÃO IMIGRANTES PORTUGUESES POR TODO O MUNDO

           A PRAGA DO VÍRUS





Os vírus são uma ameaça séria para os computadores, desde que nestes se consigam instalar.

Temos ( nós os emigrados ) recebido já alguns prenúncios acerca de “Possível Emigração” com fotografias de alguns políticos, e estamos desesperadamente à procura de “um antivírus que nos garanta a rejeição a essas pestes”.

Acontece que a maior parte dos emigrantes podem não ser letrados, não terem uma cultura satisfatória, mas pelo menos são trabalhadores, honestos e até criadores e fornecedores de riqueza para os países de origem, mas podem estar em alto risco de contágio no contacto com esse “vírus”.

“Eu não sou o representante” destes imigrantes, mas podendo estar sujeito às consequências que esse “vírus” possa causar no meio ambiente onde me encontro, imploro às autoridades sanitárias e migratórias que se mantenham no Máximo de Alerta afim de impedir a entrada dessa praga que ameaça toda uma reputação virtuosamente conquistada por nós imigrantes, nos países de acolhimento.



Manuel da Costa

Sydney, 9 de Janeiro de 2012



CRÍTICAS MERECIDAS E NÃO MERECIDAS



26-12-2012 
              A PROPÓSITO DAS CRÍTICAS MERECIDAS E NÃO MERECIDAS QUE SE FAZEM      
                     AO GOVERNO ELEITO DEMOCRATICAMENTE PELO POVO PORTUGUÊS


Muito fácil é criticar, difícil é encontrar soluções que não envolvam interesses pessoais e políticos.

Os portugueses quiseram um Governo, votaram nele e não o querem deixar governar tal herança deixada pelos seus antecessores, em que toda a gente se aproveitou. Disto ninguém o poderá negar. Muito mais teria a dizer quem muitos anos viveu antes do “Oportunismo” de 1974, quando a política de Marcelo Caetano estava na trajectória de melhorar a situação vigente naquele tempo.

Não consigo deixar de dar a conhecer que sendo eu descendente de uma família pobre mas honesta, aos 16 anos tive de me manter, trabalhando, para cinco anos depois vir a constituir uma família, sem que para isso tivesse de aproveitar-me de outros expedientes. Nada herdei, a não ser a boa educação e a maneira de auto me governar, poupando o escasso fruto do rendimento do trabalho, sem nunca ter gasto mais do que aquilo que possuía. Felizmente nunca passamos fome, nem cobiçamos aquilo que não nos era possível possuir.

Na minha adolescência, nunca tive uma bicicleta, nem sequer uns patins. Caminhava para escola, para o trabalho e distâncias de meia hora e mais. Os transportes públicos eram evitados porque quando os vencimentos não eram demasiados, havia que considerar as despesas. Nunca tive necessidade de frequentar o ginásio para fazer exercício.

Passeios ocasionais, se faziam acompanhar por um farnel levado de casa, o que permitia fazer uma despesa menor. Tudo isto, naquele tempo, não se considerava “miséria”, mas o ter bom-senso para não desperdiçar o que pudesse vir a ser mais necessário. Esta situação nunca nos levou a invejar a vida de quem melhor podia.
Vivia-se com o que se tinha, procurando sempre nada dever a ninguém.
As compras menos indispensáveis, faziam-se pagando sem recorrer a crédito.

Com o “Oportunismo” instalado, não me quis aproveitar renunciando aos meus princípios e à formação que até ali havia recebido. A vida tornou-se fácil para muita gente, demasiado fácil para fugir a responsabilidades e poder explorar aqueles que menos “esperteza” ou mais consciência possuíam.

Tendo negado a acomodar-me a um novo estilo de vida que tanto tinha de cómodo como de inconsciente, a que muitos dos portugueses rapidamente se adaptaram aproveitando todas as “facilidades oferecidas” e “a fundo perdido”, que agora terão de saldar, emigrei para onde me iria sentir mais útil, com uma vida estabilizada e uma mentalidade mais ampla, da qual beneficiaram também meus filhos e netos
Não concordo com certas exigências feitas por quem deveria estar calado, nem com submissões a quem oportunistamente se serve dum povo facilmente manejado por grupos ou entidades de honestidade duvidosa. Ditado antigo nos diz que “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.

O Povo que elege um Governo, terá de o suportar durante o tempo para que foi eleito, nas boas e más situações, limitando-se a manifestar o seu descontentamento com civismo, e não desordeiramente, sem respeito por aqueles que não compartilham da mesma opinião.

Anti patriota serão aqueles que tentam boicotar, sabotar e desacreditar quem tem por obrigação de dar cumprimento e honrar compromissos de que somos devedores, assim como todos os que dão o mau exemplo com o seu comportamento inaceitável e prepotente.

Indivíduos sem carácter, sem dignidade, corruptos e déspotas, são aqueles que deverão ser banidos de qualquer posição relevante quer no Governo quer na Sociedade Portuguesa.
Sejamos todos, os portugueses, dignos e leais à Pátria que devemos respeitar com convicção e patriotismo.
Há que lembrar que “não há bem que sempre dure, nem mal que se não acabe”!

Sydney, 26 de Dezembro de 2012