SER “VELHO” OU SER IDOSO, palavras que a meu ver devem ser consideradas, até como desabafo.
Com quase 77 anos, não me apraz ser considerado
“velho”, embora idoso.
Considero-me fisicamente útil e mentalmente são,
podendo ainda ajudar nos trabalhos de que outros de mim possam necessitar, e que
eu os faço com conhecimento, e espírito de ajuda.
Se faço crítica àquilo que no meu parecer acho
mal, é feita com sentido construtivo, procurando chamar à atenção do mal que
por vezes se pratica, não estando isento, e portanto aceitando, quem com a
mesma honesta convicção, me critique também.
“Velhos” são os farrapos, no ditado popular.
Mesmo assim têm o seu valor pelas lembranças que nos trazem, e os continuamos a
“guardar” com o carinho das recordações. As “velharias” sempre tiveram o seu
valor, e quando se deitam fora, por vezes perdemos grandes “fortunas”
sentimentais.
“Idosos” somos todos aqueles que vencemos uma
morte precoce, e nos encontramos com plena consciência, dando provas que ainda poderemos
ser úteis à sociedade, conquanto esta tente ignorar que ainda muito tem a
aprender, com os conhecimentos e a experiência de vida daqueles que os
antecederam.
São também aqueles que infelizmente perderam já
as suas faculdades físicas e mentais, depois de terem servido e alimentado uma “Sociedade”
que agora os quer rejeitar, depois de ter desfrutado de tudo aquilo que eles, (idosos),
lhe deram à custa do seu trabalho e até de uma vida cheia de dificuldades e
sacrifícios.
Um Governo ou uma Sociedade que não queira
reconhecer o valor daqueles que os fizeram “nascer”, tratando-os injusta e
indignamente até ao final dos seus dias, procurando de uma ou outra forma
verem-se livres daqueles que lhe deram o Ser, pode considerar-se inapta para um
Futuro duvidoso que os espera, o qual já vamos adivinhando e sentindo.
A propósito, devemos lembrar-nos das honras merecidas
a Portugal, quando reconhecido pelos seus feitos nas Descobertas Marítimas, no
Século XVI. Presentemente com a “evolução das Mentalidades, dos Tempos e da Política”,
somos um País “Pobre e Desacreditado”!
Oxalá possamos ainda recuperar tudo o que até
agora temos perdido, encontrando o caminho a que poderemos chamar de DIGNIDADE.
Sydney, 25 de Fevereiro de 2015