About Me

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Sydney, N.S.W., Australia
Aos 12 anos de idade comecei como aprendiz com meu pai, na construção, reparação e afinação de Harmónios. Reparação e afinação de Pianos e Órgãos de Tubos. [instrumentos musicais] Aos 16 anos trabalhava por conta própria. Com 22 anos tinha a Carteira Profissional na especialidade de Rádio e Electrónica, que me permitiu trabalhar nos acordeões e órgãos electrónicos, amplificadores de som, e acumulei ao meu trabalho nos instrumentos, a manutenção do controlo electrónico das novas máquinas instaladas na “FACAR”, em Leça da Palmeira, Matosinhos. Aos 27 anos fui para a Holanda com uma bolsa de estudo onde me aperfeiçoei na Construção, Manutenção, Afinação e Restauro dos Órgãos Antigos ou Históricos. Trabalhei como Organeiro na Gulbenkian em Lisboa, de 1970 a 1974, e como Encarregado da Orquestra Gulbenkian, de 1974 a 1980. Em 1980 emigrei para trabalhar no restauro do "Sydney Town Hall Grand Organ". Em 1990 como "Mestre Organeiro" foi-me entregue, a conservação, manutenção e afinação daquele prestigioso Órgão, no qual trabalhei 31 anos, até me aposentar em 2011. com 72 anos de idade. Ver mais no meu CURRÍCULO.

Wednesday, May 3, 2017

“ DIPLOMACIA PORTUGUESA, E SUAS RELAÇÕES COM OS EMIGRANTES”


                                                  

Uma crónica ou comentário a propósito de “Diplomatas Portugueses, e suas relações com os emigrantes”, conforme notícias que vão sendo dadas a conhecer.



Eu, como o único organeiro que em 1990 o Município de Sydney, Austrália, confiou para zelar pela manutenção e conservação do “Grand Organ of Sydney Town Hall”, cargo esse que desempenhei com satisfação e orgulho durante 21 anos até me demitir.


Sempre fui conhecido e apreciado, inclusivamente por muitos organeiros estrangeiros que visitavam esse instrumento, como o “organeiro português Manuel Da Costa”, ligando assim o meu nome ao meu país de origem, ou seja, Portugal.

Em 2010, fui "abordado" na tentativa de me quererem envolver num plano de Corrupção, (pois na Austrália a corrupção também existe), pela “clã” onde a própria presidente de Câmara não seria alheia. Sentia-me frustrado pela falta de apoio daqueles que me poderiam assistir contra aquele vil e desonesto plano.


Corrupção organizada, envolvendo os que da Câmara de Sydney geriam os trabalhos de remodelação do "Centennial Hall" e inconscientes alterações no espaço preparado acusticamente para acomodar um instrumento e não para armazenar tubos. Absolutamente sem noção do que poderia ser afectado e prejudicado tão prestigioso instrumento.


Sem que previamente eu como responsável por aquele instrumento tivesse sido ouvido, ou pudesse estar de acordo com o que pretendiam fazer, a minha posição foi ignorada e depois desrespeitada, pondo em risco a minha reputação profissional e pessoal, pois poderia ser acusado de cumplicidade para servir os interesses de quem se prestaria à corrupção.



Ingenuamente pensei que podendo estar em causa a ligação do meu nome à nacionalidade portuguesa, e a Portugal, dei conhecimento dessa “conspiração” a que estava a ser sujeito, no Consulado Geral de Portugal em Sydney, tendo este passado ao Embaixador de Portugal em Camberra, pedindo para que intercedessem junto dos “seus colegas” australianos, denunciando o que se estaria a passar com aquele Património Nacional, nas mãos de irresponsáveis e desonestos oportunistas dentro da Câmara de Sydney, entidade depositária daquele majestoso órgão de tubos.


Total ignorância e desinteresse, ao que a mim me poderia parecer “um acto de patriotismo”, e a frustração de ter recorrido àqueles que na “Diplomacia tão bem se interessam pelos cidadãos do país que representam". Não irei aqui classificar, esses “Diplomatas” que ignoram completamente quem a eles possam recorrer, na esperança de serem compreendidos e respeitados, em defesa do bom nome do seu país, o que neste caso poderia estar comprometido pela minha nacionalidade.


Para terminar, resta-me dizer que aos 72 anos de idade, consciente e responsável, com capacidade física e mental para continuar ainda as minhas funções, até ser encontrado quem com aptidão e honestidade me pudesse substituir, o que infelizmente assim não aconteceu. Pedi a minha demissão pelo principal motivo de salvaguardar a minha reputação que estaria em risco de ser afectada.




Os meus serviços não foram dispensados, mas o meu pedido foi concedido em Fevereiro de 2011.
Desde o dia 18 de Abril de 2011, 6 anos passados, continuo à espera de resposta do Embaixador!

Monday, May 1, 2017

“ART-E-MANHA”


A ARTE DE ENGANAR OU “ART-E-MANHA” PORTUGUESA 

Tudo que intencionalmente de falso se mostra, não é mais do que um embuste para enganar o incauto. Há sempre gente que se deixa levar pelas aparências, e facilmente é enganado.

Falta de conhecimentos, de cultura ou desinteresse por ela, permite que se deixem convencer por quem astutamente os pretende enganar.
Bem se diz em português, que anda meio mundo a enganar outro meio.
Esta fotografia, entre muitas outras coisas, é mais uma prova dessas intenções de fazer crer que o fictício é real.  
 
É incrível, mas já me disseram que este “órgão de tubos” foi construído em Portugal por um famoso “Mestre Organeiro Português”. Mais ainda, que o som deste “inconfundível instrumento”, tinha características únicas: o Silêncio!
 
No tempo em que o dinheiro foi “barato e a fundo perdido”, e se construiu um mamarracho onde este instrumento inédito se encontra, teria sido ocasião de ali colocar um Órgão de tubos digno de substituir aquele que do Histórico Palácio de Cristal foi destruído para dar lugar ao outro mamarracho que ali se encontra.
Em nome da “Arte e do Desporto” se destrói e constrói, tudo o que for conveniente para certo tipo de "negócio".
Uma verdadeira vergonha que tendo sido construída uma Casa da Música, que mais serviu para “engordar” alguns, se tenham valido de uma “Art-e-manha” como esta.

 
Peço desculpa aos apreciadores deste tipo de “Arte-Concreto” ou "Arte-Betão", por não partilhar dos mesmos gostos. 

 

Manuel M. Saraiva da Costa
 
 
Sydney, 1 de Maio de 2012


Monday, April 24, 2017

"Não Suba o Sapateiro Além da Chinela"


 


Comentário a uma notícia a circular em alguns jornais, sobre os órgãos da Sé do Porto.

http://www.dn.pt/artes/interior/orgaos-da-se-do-porto-voltam-a-soar-apos-restauro-5733422.html



Não é de ânimo leve que faço este comentário, mas necessário para que se saiba.

Quem se julga ser Dinarte Machado, para opinar ou criticar trabalhos de Restauro, executado por uma conceituada firma de renome internacional, quando ele não passa dum presunçoso "self-made" e suposto organeiro formado à lá minuta?

Um curioso habilidoso, autodidacta como ele mesmo se considera, que tentou aprender a ser organeiro, com quem sem habilitações se terá formado também em poucos meses! Eles o dizem, sem que tivessem qualquer conhecimentos dessa matéria.

Um simples convencido que procura convencer quem não sabe o que é um Restauro de um órgão de tubos. Não é propagando com (para mim,) duvidosas referências, e alardeando ter sido medalhado por quem é ignorante na arte de Organaria e sobretudo de Restauro! Quem o poderá referenciar e apoiar na arte de Restauro, serão aqueles que mesmo não sendo farinha do mesmo saco, também não têm capacidade para diferençar uma reparação, bem ou mal feita, de um genuíno Restauro.

Não é organeiro aquele que sem princípios nessa arte, apenas pelo facto de poder ter sido um servidor de qualquer competente, responsável e acreditado (ou não) Organeiro, por curtos períodos de tempo.
Não é organeiro pelo simples facto de "aprender pelos livros" ou visitar colossais instrumentos ou fábricas dos mesmos. Para ser Organeiro, e para aqui não me repetir, já o dei a conhecer anteriormente, e pode ser encontrado no meu"Blog".

Na Arte de Restauro, além de se respeitar a sua originalidade, não alterando o que de original possa ser encontrado, pode-se no entanto admitir pequenas excepções para assegurar não só o funcionamento futuro com o mínimo de problemas, como o de evitar tanto quanto possível intervenções por quem (e este é o caso,) não está habilitado para desse instrumento cuidar.

Tenho por diversas vezes escrito sobre este assunto, onde me referi também aos Órgãos Históricos da Sé do Porto, que em 1970 foram restaurados na fábrica Flentrop na Holanda, tendo eu neles trabalhado. Sou portanto conhecedor da embustice que agora este "exímio restaurador", quer com a sua pretensiosa autoridade, fazer crer o que possa estar errado. Tenho sérias dúvidas, sobre o que agora possa ter sido adulterado nestes instrumentos.
Quando se é livre de inconscientemente fazer "o que se sabe e o que se quer", sem controlo de creditados consultores, técnicos em Organaria e Restauro, todo o imprevisto, por vezes já sem remédio, pode acontecer.

Não basta apontar como seguidores daquele trabalho, pessoas ou entidades sem credibilidade técnica, para fazer crer na capacidade do restaurador, como foram nomeados o Cabido da Sé do Porto, Direcção Regional de Cultura do Norte e cónego Ferreira dos Santos, este organista e compositor, nada tendo a ver com habilitações técnicas na arte de Organaria.


Para terminar, e por agora, como se pode compreender que Dinarte Machado, "Mestre organeiro" com tão excelentes referências e reconhecido pelo próprio Presidente da República, publicamente se queixe que as suas habilitações profissionais não são reconhecidas pelo Estado Português, impedindo-o de concorrer a certos trabalhos, assim como de passar "Diplomas" aos seus aprendizes?

Manuel M. Saraiva da Costa, Sydney 23 de Março de 2016

Organeiro aposentado. Sua Biografia & Currículo encontra-se na Internet ou Meloteca.

Sunday, April 23, 2017

"Charlatanismo"

<Órgãos da Sé do Porto voltam a soar após restauro> II

<http://www.dn.pt/artes/interior/orgaos-da-se-do-porto-voltam-a-soar-apos-restauro-5733422.html>


Eu trabalhava com meu pai, numa oficina de reparação e afinação de pianos e órgãos, na Rua dos Caldeireiros 169, Porto, e de lá ia a pé para as aulas no Conservatório de Música.
No caminho passava pela Praça da Cordoaria onde era habitual os propagandistas ou charlatães, venderem a "banha da cobra", assim como outros produtos. Procuravam impressionar e chamar à atenção do público, exibindo cobras e macacos.

Quem esses produtos compravam, por estarem convencidos pelo vendedor da "sua eficiência e qualidade", acabavam depois por se sentirem ludibriados.

Isto serve como preambulo ao que é dito sobre os "restauros" dos órgãos históricos da Sé do Porto, pelo seu pretenso restaurador, e ao qual eu peço que com dignidade e honestidade, sendo ele "um profissional como o diz", clarifique melhor, o que quer dizer nos parágrafos que abaixo indico. Já que com "palavras e bolos, se enganam os tolos".

Tenho idoneidade como pessoa e como profissional, e sou bem conhecedor desses órgãos, para no interesse da integridade desses instrumentos, exigir ser esclarecido sobre qualquer modificações, substituições e alterações feitas depois de 1970, sofridas por quem se julga com competência para as fazer ou ter feito.

http://manuelsaraivadacosta.blogspot.com.au/search?updated-max=2014-12-09T23:38:00-08:00&max-results=7&start=8&by-date=false

É muito fácil enganar quem nada entende da arte de organaria e restauro, quer por quem pretende ser "artista" como por quem o apoia por conveniência, mas não a qualquer digno profissional conhecedor e habilitado na arte de organaria e restauro.

São os seguintes 7 parágrafos" da autoria do "restaurador", que devem ser devidamente esclarecidos a fim de serem compreendidos não só por quem é desconhecedor deste assunto como por quem nisso é entendido:


  • "A harmonização está a ter em conta essas duas identidades. Mas apesar de as respeitar, é preciso perceber que eles vão tocar juntos. E para que toquem juntos é preciso fazer uma harmonização que dá ao órgão da epístola um som mais grave, complementando o que o órgão do evangelho não tem", descreveu Dinarte Machado, organeiro há mais de três décadas.
  • Dinarte Machado contou à Lusa que o trabalho da sua equipa*) surge depois de duas outras grandes intervenções, uma levada a cabo no século XIX por um organeiro da zona do Porto que assinava com o nome "Santos" e outra feita nos anos 1970 pela empresa holandesa Flentrop.
  • "O Santos fez uma intervenção no órgão da epístola e aumentou o número de registos graves de base. Foi muito inteligente da parte dele. Não desmistifica em nada o conjunto", apontou Dinarte Machado que já sobre a operação levada a cabo pela empresa holandesa é menos otimista, considerando que a Flentrop "terá tentado manter as caraterísticas dos órgãos mas aplicou materiais que hoje não são concebíveis".
  • "O trabalho dessa firma foi importante por pôr os instrumentos a tocar. Nos anos 1970 encontraram o órgão do evangelho totalmente degradado. Do ponto de vista de filosofia de conservação e restauro não foi uma catástrofe mas foi muito próximo", analisou.

  • O mestre organeiro, que foi condecorado pelo Presidente da República e ganhou o prémio internacional Europa Nostra em 2010, teve agora a missão de recuperar a qualidade do vento, corrigindo a posição dos foles, peças que descreve como "os pulmões dos órgãos".

  • "Se calhar há quem ache que qualquer um pode fazer isto desde que saiba apertar um parafuso. Não é bem assim", alertou, acrescentando que conseguiu substituir os "materiais menos nobres" encontrados pelas corrediças originais e históricas que "por acaso estavam conscientemente guardadas".

  • Soma-se a correção de aspetos mecânicos e, do lado da epístola, a retirada de um forro de madeira de pinho considerado "prejudicial em termos acústicos".



Tenho sérias dúvidas que os esclarecimentos possam de forma honesta e de modo inequívoco, serem dados a conhecer sobre o que foi dito e ter sido feito, por quem obrigatoriamente possa ser responsável.


*) Seria de reconhecer que nesta equipa, possa haver alguém mais habilitado e competente em organaria, do que o intitulado e presunçoso "restaurador".

Manuel da Costa


Sydney 23 de Abril de 2017



<http://www.dn.pt/artes/interior/orgaos-da-se-do-porto-voltam-a-soar-apos-restauro-5733422.html>



Wednesday, March 1, 2017

"Histórias da carochinha"






Em Portugal, no início do ano de 1980, um profissional sentindo-se frustrado por não poder continuar a exercer a sua profissão, devido à então situação política, teve de emigrar.

Desde aí, e não havendo então gente capaz no país de o substituir nalguns dos trabalhos que ele teria deixado, havia necessidade de quem deles cuidasse. Que se soubesse, ninguém estaria nesse tempo, para isso capacitado, ou habilitado.

O dito profissional que emigrou, tinha na sua carreira já mais de uma dezena e meia de anos de aprendizagem e prática, e por isso teria sido escolhido para no estrangeiro se aperfeiçoar e se especializar nessa profissão por mais outra meia dezena de anos, especialmente na arte do restauro e manutenção, aquilo para que foi formado e especializado. Mas por pouco mais tempo lhe foi permitido exercer a profissão, uma vez que a entidade empregadora tinha mudado de política.

Dado então o vazio criado pela ausência do então único profissional naquela arte, abriu-se a porta ao oportunismo, e logo aparece quem com habilidade, entre outras “habilidades”, sem que previamente nunca tivesse trabalhado naquela arte, nem dela ter conhecimentos, num período recorde de poucos meses “conseguiu formar-se à lá minuta" e logo abrir negócio. Assim, intitulando-se já de Mestre e sentindo-se como tal reconhecido, foi ganhando confiança por parte de quem nele queria acreditar e acreditou, e logo começou, apesar da sua inexistente prática e aptidão, a fazer reparações e até "restauros"!

Uma profissão ou uma arte que requer conhecimentos específicos, que só é possível adquiri-los ao longo de alguns anos de aprendizagem ou "escola", e tempo para adquirir muita da prática necessária, pois não se aprende pelos livros e com teorias, é assim que como por milagre, é realizada e alcançada uma profissão com Título de Mestre, e porque não Doutor ou Engenheiro?

Este então brilhante profissional e Mestre, acolheu como aprendiz outro candidato que nas mesmas circunstâncias, isto é, sem quaisquer conhecimentos da mesma arte, para com quem pouco ou nada sabia, aprender.
Tal foi o progresso e a habilidade resultante da curiosidade sentida anteriormente, que considerando-se ser um autodidacta, rapidamente alcançou a meta, ou seja formar-se. Não levou muito tempo para que o eminente aprendiz e "self-made" profissional, superasse o seu Mestre, vindo a ser preferido e progredindo nas "encomendas", que ao seu Mestre deixaram de ser oferecidas!
Mais uma vez fica confirmado que este mundo é dos "espertos", e para comprovar tal facto, chegou até a ser condecorado e ganho diversos "reconhecimentos", embora só de quem era ignorante na matéria, como por quem poderia ter outros interesses em vista.

Não obstante tais "qualificações", este exímio Mestre profissional e para mais comendador também, vem ele mesmo queixar-se publicamente, que não pode concorrer a certos trabalhos da sua especialidade, nem tampouco formar os aprendizes que lhe aparecem, por não lhe ser reconhecidas as suas habilitações profissionais, o que também lhe impede de passar Diplomas aos seus discípulos!

Para conseguir apanhar alguns trabalhos, teve então de se sujeitar a fazer o trabalho a coberto de contracto com uma firma de construção, sem qualquer analogia com o serviço a ser prestado. Uma situação um quanto humilhante para quem é então considerado como um eminente não só profissional, mas Mestre e formador de outros artistas.
Infelizmente nesta vida, para se ser competente e honesto, reconhecido e respeitado, não é fácil de o conseguir, mesmo com auto promoções e propaganda com duvidosos méritos, pois mais tarde ou mais cedo tudo virá a ser conhecido, embora e muitas vezes tarde demais e com estragos irreparáveis.

O mundo está cheio destas estórias, que embora muitos não acreditem, outros tantos procuram acreditar.

Poderei dizer que esta história é verdadeira, pois é baseada no que esses mesmos "dois Mestres" deram a conhecer, quer através dos seus Currículos, como publicado nos meios de comunicação, não excluindo o Facebook.

Não menciono nomes nem profissões, por não ser desconhecido daqueles que conhecem o meu propósito em tentar convictamente, defender um património em risco da sua integridade ser adulterada, comprometendo seriamente a sua originalidade, tudo a coberto de incompetentes, irresponsáveis e oportunistas desonestos.


Sydney, 1 de Março de 2017

Manuel da Costa


Sunday, February 26, 2017

"ORGANEIRO"






ACTUALIZANDO O QUE HÁ QUATRO ANOS ESCREVI,
ACRESCENTANDO O QUE ENTÃO FALTOU.


ORGANEIRO, uma profissão que muitos desconhecem e em alguns dos Dicionários de Língua Portuguesa, palavra não reconhecida.



Como a palavra SAPATEIRO, designa a profissão da pessoa que faz sapatos e neles trabalha fazendo consertos. MARCENEIRO, o que faz móveis de madeira, os repara e os restaura. ELECTRICISTA, o que trabalha na aplicação da electricidade aos usos domésticos ou industriais. Assim o ORGANEIRO é aquele que não só fabrica como restaura, repara e faz a manutenção especializada em órgãos de tubos, instrumento musical normalmente usado nas igrejas, salas de concerto, escolas e não só.

Como ninguém nasce ensinado, para se criar um bom profissional em qualquer profissão, é-lhes requerida vocação, habilidade, além de uma aprendizagem meticulosa, e experiência necessária para assim poder ser considerado, com mais ou menos competência.
Não se consegue formar nesta profissão de ORGANEIRO, quem o queira conseguir em meia dúzia de anos, e muito menos "à lá minuta". Além de uma escola necessária, outros conhecimentos virão como o descobrir e conhecer alguns dos “segredos profissionais”, que nem sempre lhe são divulgados ou transmitidos.

Um médico, um advogado, um engenheiro e umas tantas outras profissões, no meu ponto de vista têm uma maior aprendizagem teórica do que prática, que lhes permitirá formarem-se nesse curto espaço de meia dúzia de anos.

Um ORGANEIRO para ser formado e competente, só o conseguirá no final de muitos mais anos de prática do que de teoria, pois não é matéria que só se aprende pelos livros. A prática, essa terá de ser adquirida em diferentes sectores profissionais, como:
Saber trabalhar em madeira, não como um carpinteiro, mas como um marceneiro;
Trabalhar em metal, não como um ferreiro ou latoeiro, mas saber fazer, reparar, reconstruir, todos os tipos de tubos condutores e produtores de som, assim como todas as peças metálicas que de um órgão fazem parte;
Desenhar, fazer ou mandar fazer as ferramentas que delas possa necessitar para uso e desempenho cabal do seu trabalho;
Ter conhecimento de como instalar e lidar com diversos sistemas eléctricos e até electrónicos, além dos sistemas pneumáticos que possam ser usados nos órgãos;
Possuir conhecimentos musicais e o ouvido devidamente educado, o que só se consegue com uma rotina contínua, para o controlo da qualidade de som, que se pretende obter de um tubo sonoro, ou entoação, para não falar nas afinações críticas quando envolve múltiplos tubos simultaneamente;
Outros tantos conhecimentos e práticas necessárias que só poderão ser obtidos com anos de dedicada aprendizagem e trabalho.

Não é aquele que sem "escola", é um amador, um curioso, um habilidoso, e muito menos um autodidacta, que por muita teoria que possa conhecer, se possa considerar ORGANEIRO.

Nunca poderá ser considerado um bom profissional, aquele que procura construir um edifício, sem que possa ter bons alicerces.
Assim diz o provérbio: "o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita", ou "é de pequenino que se torce o pepino".
Há que ter em consideração que “um bom profissional não é aquele que dá o seu nome ao trabalho que faz, mas aquele que faz um trabalho que lhe dará o seu nome”.

Pretensos "organeiros" como pretensos profissionais, só poderão ser considerados, reconhecidos e aceites, por outros profissionais da mesma índole, como justifica e confirma o popular ditado de que “na terra dos cegos, quem tem um olho é rei”.

Tem acontecido que no ramo da Organaria, alguns supostos organeiros se tem servido do apoio e recomendação desses "consultores", estes sem qualquer conhecimento ou habilitações práticas de organaria, prestam-se junto de entidades governamentais e religiosas, a servir interesses obscuros.

Uma prática que se tem desenvolvido, sem que haja interesse de quem deveria procurar saber das suas aptidões profissionais, devidamente testadas e apreciadas, por verdadeiras e reconhecidas autoridades nessa indústria.
Até em Portugal, muitos dos supostos restauros têm sido recomendados e "supervisados" por uns quantos organistas e presumíveis "historiadores". Estes não habilitados ou credenciados como Consultores técnicos, mas por quem em teoria e artificiosamente o pretende ser.

No que tenho pesquisado sobre os Restauros dos Órgãos de Tubos Antigos ou Históricos em Portugal, e na troca de e-mails entre dois desses "organeiros, um consultor e um historiador", excelentes falantes, deu para perceber como foram "profissionalmente formados e recomendados".
Histórias sobre certos restauros, seus interessantes e curiosos Currículos, suas próprias promoções nos trabalhos executados, queixas e comentários sobre trabalhos em que estiveram envolvidos etc., que para quem estiver interessado em procurar saber a realidade dos factos, não será difícil de encontrar através da Internet.

Para não acrescentar mais ao muito que haveria em dar a conhecer, sobre órgãos de tubos e seus discutíveis "restauros", envolvendo negócios pouco claros de quem os faz e manda fazer, quero mais uma e todas as vezes que for necessário, afirmar que a minha preocupação sobre este assunto, nada tem a ver com qualquer questão pessoal de quem quer que seja.
Apenas chamar à atenção sobre o falso profissionalismo que digam respeito a muitos dos restauros feitos e a fazer, susceptíveis de alterações que adulterem e comprometam a integridade e autenticidade original desses Indefesos Instrumentos, Património Artístico Nacional, nas mãos desses "artistas", em cumplicidade com o Ministério ou Secretariado de Cultura e Igreja, seus depositários.
Consequências desastrosas e irremediáveis que poderão no futuro impossibilitarem uma genuína reconstituição da sua originalidade.

Nunca essas entidades deram satisfação a pedidos feitos, no sentido de informarem e confirmar quem seriam esses "Consultores", responsáveis pelos trabalhos de Restauro, entregues e pagos pelos contribuintes e pessoas de boa-fé.

“Consultores e Conselheiros” sem competência nesta matéria, e Historiadores sem credibilidade, cujas recomendações e apreciações são o que de pior pode interferir num sério e qualitativo trabalho de ORGANEIRO ou QRGANARIA, Arte onde um responsável organeiro está integrado, especificamente no que se refere a restauros dos órgãos de tubos históricos, e o respeito pela autenticidade.


A quem estiver interessado em saber o que mais o possa elucidar sobre o Órgão de Tubos, instrumento musical de que aqui tenho estado a referir, recomendo procurar em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Órgão_de_tubos


Manuel da Costa

Sydney, 26 de Fevereiro de 2017




 
   Fotografias de um dos maiores órgãos construídos pela firma "Flentrop Orgelbouw",
   de Zaandam - Holanda, para a grande sala de concertos "De Doelen" em Roterdam,
   nos anos de 1967 / 1968, e no qual eu participei durante a minha especialização, em
   1965 a 1969, como organeiro bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.