About Me

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Sydney, N.S.W., Australia
Aos 12 anos de idade comecei como aprendiz com meu pai, na construção, reparação e afinação de Harmónios. Reparação e afinação de Pianos e Órgãos de Tubos. [instrumentos musicais] Aos 16 anos trabalhava por conta própria. Com 22 anos tinha a Carteira Profissional na especialidade de Rádio e Electrónica, que me permitiu trabalhar nos acordeões e órgãos electrónicos, amplificadores de som, e acumulei ao meu trabalho nos instrumentos, a manutenção do controlo electrónico das novas máquinas instaladas na “FACAR”, em Leça da Palmeira, Matosinhos. Aos 27 anos fui para a Holanda com uma bolsa de estudo onde me aperfeiçoei na Construção, Manutenção, Afinação e Restauro dos Órgãos Antigos ou Históricos. Trabalhei como Organeiro na Gulbenkian em Lisboa, de 1970 a 1974, e como Encarregado da Orquestra Gulbenkian, de 1974 a 1980. Em 1980 emigrei para trabalhar no restauro do "Sydney Town Hall Grand Organ". Em 1990 como "Mestre Organeiro" foi-me entregue, a conservação, manutenção e afinação daquele prestigioso Órgão, no qual trabalhei 31 anos, até me aposentar em 2011. com 72 anos de idade. Ver mais no meu CURRÍCULO.

Wednesday, March 1, 2017

"Histórias da carochinha"






Em Portugal, no início do ano de 1980, um profissional sentindo-se frustrado por não poder continuar a exercer a sua profissão, devido à então situação política, teve de emigrar.

Desde aí, e não havendo então gente capaz no país de o substituir nalguns dos trabalhos que ele teria deixado, havia necessidade de quem deles cuidasse. Que se soubesse, ninguém estaria nesse tempo, para isso capacitado, ou habilitado.

O dito profissional que emigrou, tinha na sua carreira já mais de uma dezena e meia de anos de aprendizagem e prática, e por isso teria sido escolhido para no estrangeiro se aperfeiçoar e se especializar nessa profissão por mais outra meia dezena de anos, especialmente na arte do restauro e manutenção, aquilo para que foi formado e especializado. Mas por pouco mais tempo lhe foi permitido exercer a profissão, uma vez que a entidade empregadora tinha mudado de política.

Dado então o vazio criado pela ausência do então único profissional naquela arte, abriu-se a porta ao oportunismo, e logo aparece quem com habilidade, entre outras “habilidades”, sem que previamente nunca tivesse trabalhado naquela arte, nem dela ter conhecimentos, num período recorde de poucos meses “conseguiu formar-se à lá minuta" e logo abrir negócio. Assim, intitulando-se já de Mestre e sentindo-se como tal reconhecido, foi ganhando confiança por parte de quem nele queria acreditar e acreditou, e logo começou, apesar da sua inexistente prática e aptidão, a fazer reparações e até "restauros"!

Uma profissão ou uma arte que requer conhecimentos específicos, que só é possível adquiri-los ao longo de alguns anos de aprendizagem ou "escola", e tempo para adquirir muita da prática necessária, pois não se aprende pelos livros e com teorias, é assim que como por milagre, é realizada e alcançada uma profissão com Título de Mestre, e porque não Doutor ou Engenheiro?

Este então brilhante profissional e Mestre, acolheu como aprendiz outro candidato que nas mesmas circunstâncias, isto é, sem quaisquer conhecimentos da mesma arte, para com quem pouco ou nada sabia, aprender.
Tal foi o progresso e a habilidade resultante da curiosidade sentida anteriormente, que considerando-se ser um autodidacta, rapidamente alcançou a meta, ou seja formar-se. Não levou muito tempo para que o eminente aprendiz e "self-made" profissional, superasse o seu Mestre, vindo a ser preferido e progredindo nas "encomendas", que ao seu Mestre deixaram de ser oferecidas!
Mais uma vez fica confirmado que este mundo é dos "espertos", e para comprovar tal facto, chegou até a ser condecorado e ganho diversos "reconhecimentos", embora só de quem era ignorante na matéria, como por quem poderia ter outros interesses em vista.

Não obstante tais "qualificações", este exímio Mestre profissional e para mais comendador também, vem ele mesmo queixar-se publicamente, que não pode concorrer a certos trabalhos da sua especialidade, nem tampouco formar os aprendizes que lhe aparecem, por não lhe ser reconhecidas as suas habilitações profissionais, o que também lhe impede de passar Diplomas aos seus discípulos!

Para conseguir apanhar alguns trabalhos, teve então de se sujeitar a fazer o trabalho a coberto de contracto com uma firma de construção, sem qualquer analogia com o serviço a ser prestado. Uma situação um quanto humilhante para quem é então considerado como um eminente não só profissional, mas Mestre e formador de outros artistas.
Infelizmente nesta vida, para se ser competente e honesto, reconhecido e respeitado, não é fácil de o conseguir, mesmo com auto promoções e propaganda com duvidosos méritos, pois mais tarde ou mais cedo tudo virá a ser conhecido, embora e muitas vezes tarde demais e com estragos irreparáveis.

O mundo está cheio destas estórias, que embora muitos não acreditem, outros tantos procuram acreditar.

Poderei dizer que esta história é verdadeira, pois é baseada no que esses mesmos "dois Mestres" deram a conhecer, quer através dos seus Currículos, como publicado nos meios de comunicação, não excluindo o Facebook.

Não menciono nomes nem profissões, por não ser desconhecido daqueles que conhecem o meu propósito em tentar convictamente, defender um património em risco da sua integridade ser adulterada, comprometendo seriamente a sua originalidade, tudo a coberto de incompetentes, irresponsáveis e oportunistas desonestos.


Sydney, 1 de Março de 2017

Manuel da Costa