ACTUALIZANDO O QUE
HÁ QUATRO ANOS ESCREVI,
ACRESCENTANDO O QUE
ENTÃO FALTOU.
ORGANEIRO, uma
profissão que muitos desconhecem e em alguns dos Dicionários de
Língua Portuguesa, palavra não reconhecida.
Como a palavra
SAPATEIRO, designa a profissão da pessoa que faz sapatos e neles
trabalha fazendo consertos. MARCENEIRO, o que faz móveis de madeira,
os repara e os restaura. ELECTRICISTA, o que trabalha na aplicação
da electricidade aos usos domésticos ou industriais. Assim o
ORGANEIRO é aquele que não só fabrica como restaura, repara e faz
a manutenção especializada em órgãos de tubos, instrumento
musical normalmente usado nas igrejas, salas de concerto, escolas e
não só.
Como ninguém nasce
ensinado, para se criar um bom profissional em qualquer profissão,
é-lhes requerida vocação, habilidade, além de uma aprendizagem
meticulosa, e experiência necessária para assim poder ser
considerado, com mais ou menos competência.
Não se consegue
formar nesta profissão de ORGANEIRO, quem o queira conseguir em meia
dúzia de anos, e muito menos "à lá minuta". Além de uma
escola necessária, outros conhecimentos virão como o descobrir e
conhecer alguns dos “segredos profissionais”, que nem sempre lhe
são divulgados ou transmitidos.
Um médico, um
advogado, um engenheiro e umas tantas outras profissões, no meu
ponto de vista têm uma maior aprendizagem teórica do que prática,
que lhes permitirá formarem-se nesse curto espaço de meia dúzia de
anos.
Um ORGANEIRO para
ser formado e competente, só o conseguirá no final de muitos mais
anos de prática do que de teoria, pois não é matéria que só se
aprende pelos livros. A prática, essa terá de ser adquirida em
diferentes sectores profissionais, como:
Saber
trabalhar em madeira, não como um carpinteiro, mas como um
marceneiro;
Trabalhar em
metal, não como um ferreiro ou latoeiro, mas saber fazer, reparar,
reconstruir, todos os tipos de tubos condutores e produtores de som,
assim como todas as peças metálicas que de um órgão fazem parte;
Desenhar,
fazer ou mandar fazer as ferramentas que delas possa necessitar para
uso e desempenho cabal do seu trabalho;
Ter
conhecimento de como instalar e lidar com diversos sistemas
eléctricos e até electrónicos, além dos sistemas pneumáticos que
possam ser usados nos órgãos;
Possuir conhecimentos musicais e o ouvido devidamente educado,
o que só se consegue com uma rotina contínua, para o controlo da
qualidade de som, que se pretende obter de um tubo sonoro, ou
entoação, para não falar nas afinações críticas quando envolve
múltiplos tubos simultaneamente;
Outros tantos
conhecimentos e práticas necessárias que só poderão ser obtidos
com anos de dedicada aprendizagem e trabalho.
Não é aquele que
sem "escola", é um amador, um curioso, um habilidoso, e
muito menos um autodidacta, que por muita teoria que possa conhecer,
se possa considerar ORGANEIRO.
Nunca poderá ser
considerado um bom profissional, aquele que procura construir um
edifício, sem que possa ter bons alicerces.
Assim diz o
provérbio: "o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita",
ou "é de pequenino que se torce o pepino".
Há que ter em
consideração que “um bom profissional não é aquele que dá o
seu nome ao trabalho que faz, mas aquele que faz um trabalho que lhe
dará o seu nome”.
Pretensos
"organeiros" como pretensos profissionais, só poderão ser
considerados, reconhecidos e aceites, por outros profissionais da
mesma índole, como justifica e confirma o popular ditado de que “na
terra dos cegos, quem tem um olho é rei”.
Tem acontecido que
no ramo da Organaria, alguns supostos organeiros se tem servido do
apoio e recomendação desses "consultores", estes sem
qualquer conhecimento ou habilitações práticas de organaria,
prestam-se junto de entidades governamentais e religiosas, a servir
interesses obscuros.
Uma prática que se
tem desenvolvido, sem que haja interesse de quem deveria procurar
saber das suas aptidões profissionais, devidamente testadas e
apreciadas, por verdadeiras e reconhecidas autoridades nessa
indústria.
Até em Portugal,
muitos dos supostos restauros têm sido recomendados e "supervisados"
por uns quantos organistas e presumíveis "historiadores".
Estes não habilitados ou credenciados como Consultores técnicos,
mas por quem em teoria e artificiosamente o pretende ser.
No que tenho
pesquisado sobre os Restauros dos Órgãos de Tubos Antigos ou
Históricos em Portugal, e na troca de e-mails entre dois desses
"organeiros, um consultor e um historiador", excelentes
falantes, deu para perceber como foram "profissionalmente
formados e recomendados".
Histórias sobre
certos restauros, seus interessantes e curiosos Currículos, suas
próprias promoções nos trabalhos executados, queixas e comentários
sobre trabalhos em que estiveram envolvidos etc., que para quem
estiver interessado em procurar saber a realidade dos factos, não
será difícil de encontrar através da Internet.
Para não
acrescentar mais ao muito que haveria em dar a conhecer, sobre órgãos
de tubos e seus discutíveis "restauros", envolvendo
negócios pouco claros de quem os faz e manda fazer, quero mais uma e
todas as vezes que for necessário, afirmar que a minha preocupação
sobre este assunto, nada tem a ver com qualquer questão pessoal de
quem quer que seja.
Apenas chamar à
atenção sobre o falso profissionalismo que digam respeito a muitos
dos restauros feitos e a fazer, susceptíveis de alterações que
adulterem e comprometam a integridade e autenticidade original desses
Indefesos Instrumentos, Património Artístico Nacional, nas mãos
desses "artistas", em cumplicidade com o Ministério ou
Secretariado de Cultura e Igreja, seus depositários.
Consequências
desastrosas e irremediáveis que poderão no futuro impossibilitarem
uma genuína reconstituição da sua originalidade.
Nunca essas
entidades deram satisfação a pedidos feitos, no sentido de
informarem e confirmar quem seriam esses "Consultores",
responsáveis pelos trabalhos de Restauro, entregues e pagos pelos
contribuintes e pessoas de boa-fé.
“Consultores e
Conselheiros” sem competência nesta matéria, e Historiadores sem
credibilidade, cujas recomendações e apreciações são o que de
pior pode interferir num sério e qualitativo trabalho de ORGANEIRO
ou QRGANARIA, Arte onde um responsável organeiro está integrado,
especificamente no que se refere a restauros dos órgãos de tubos
históricos, e o respeito pela autenticidade.
A quem estiver
interessado em saber o que mais o possa elucidar sobre o Órgão de
Tubos, instrumento musical de que aqui tenho estado a referir,
recomendo procurar em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Órgão_de_tubos
Manuel da Costa
Sydney, 26 de
Fevereiro de 2017
Fotografias
de um dos maiores órgãos construídos pela firma "Flentrop
Orgelbouw",
de
Zaandam - Holanda, para a grande sala de concertos "De Doelen"
em Roterdam,
nos
anos de 1967 / 1968, e no qual eu participei durante a minha
especialização, em
1965
a 1969, como organeiro bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.