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Sydney, N.S.W., Australia
Aos 12 anos de idade comecei como aprendiz com meu pai, na construção, reparação e afinação de Harmónios. Reparação e afinação de Pianos e Órgãos de Tubos. [instrumentos musicais] Aos 16 anos trabalhava por conta própria. Com 22 anos tinha a Carteira Profissional na especialidade de Rádio e Electrónica, que me permitiu trabalhar nos acordeões e órgãos electrónicos, amplificadores de som, e acumulei ao meu trabalho nos instrumentos, a manutenção do controlo electrónico das novas máquinas instaladas na “FACAR”, em Leça da Palmeira, Matosinhos. Aos 27 anos fui para a Holanda com uma bolsa de estudo onde me aperfeiçoei na Construção, Manutenção, Afinação e Restauro dos Órgãos Antigos ou Históricos. Trabalhei como Organeiro na Gulbenkian em Lisboa, de 1970 a 1974, e como Encarregado da Orquestra Gulbenkian, de 1974 a 1980. Em 1980 emigrei para trabalhar no restauro do "Sydney Town Hall Grand Organ". Em 1990 como "Mestre Organeiro" foi-me entregue, a conservação, manutenção e afinação daquele prestigioso Órgão, no qual trabalhei 31 anos, até me aposentar em 2011. com 72 anos de idade. Ver mais no meu CURRÍCULO.

Tuesday, November 8, 2022

 

BRASIL, “A TERRA DOS DESAPARECIDOS”

 

                                        

Era assim em Portugal por muitos conhecido, nos finais do século passado.

A isso se devendo que a maioria daqueles portugueses que para lá emigravam, deixavam de dar notícias. Familiares e amigos, acabavam por nada mais deles saber!

Uns, possivelmente, por não terem tido o sucesso com que sempre teriam sonhado. Outros, por se sentirem realizados, enriquecendo provavelmente, procuraram esquecer o “mundo em que viveram”.

Poderá ainda haver a desculpa de difícil, mas não inexistente, meio de comunicação: “O Correio”.

Infelizmente, mesmo no tempo actual, com tantas facilidades na Comunicação, com tecnologias como a Internet, poucos são aqueles que disso se aproveitam, para dizerem que existem!

Bem-sucedidos e malsucedidos, há por todo o Mundo em que vivemos, assim como a ignorância e existência do que é Família, Amizade e Consideração, que deveria existir, pelo menos entre aqueles mais ligados às suas origens!

 

Isto, não é mais um exercício ou passatempo, para o meu Blog: “Escrever para entreter”. Não passa de um parecer ou desabafo, de quem se apercebe do que tão mal é aproveitado, estes meios de Comunicação actuais, a não ser para propaganda comercial, política, desporto, boas e falsas notícias, e até aproveitada para promoção sexual!

 

Sydney, 8 de Novembro de 2022.

Sunday, September 4, 2022

”Festivais de Órgãos de Tubos”

 

Em Portugal é frequente os anúncios sobre ”Festivais de Órgãos de Tubos”.

 


 

Uma louvável iniciativa cultural, para divulgar ou dar a conhecer não só esses instrumentos, como a música e seus compositores que para eles criaram.

Infelizmente não quer dizer que todos esses Órgãos estejam no seu melhor, no que diz respeito a afinação e ao seu perfeito funcionamento como seria de esperar ou desejar. Isto devido aos cuidados tidos na sua conservação, manutenção e afinação, mas apenas em condições de se fazerem ouvir, com maior ou menor satisfação de quem esses concertos executa e a eles assiste.

Nos anos 1970 a 1974, era eu o organeiro ao serviço da Fundação Gulbenkian em Lisboa, encarregado pela assistência a esses instrumentos, que foram adquiridos e Restaurados a expensas da Gulbenkian. Acompanhei diversas vezes a então Organista/Concertista, Professora Gertrud Mersiovsky, em alguns dos seus concertos promovidos pela Fundação. Era ela nesse tempo professora de órgão no Conservatório Nacional

Esses concertos eram realizados em igrejas quer na zona de Lisboa como fora dela. Como nessa altura esses concertos não eram frequentes, por óbvias razões, e não havia tanta propaganda, com o tempo que se passou, não poderei referir com exactidão os locais onde se realizaram, a não ser um no Convento ou Basílica de Mafra, no único órgão que então ainda deficientemente funcionava.

Acompanhava a execução desse Concertos, depois de previamente, dispondo do tempo apenas necessário para afinar palhetas e corrigir as maiores diferenças de afinação e ajustamentos mecânicos, para que dentro do possível das condições em que o instrumento se encontrava, dar-lhe a possibilidade de ser usado.

Poucos eram esses instrumentos, a não ser o da Sé de Évora, já restaurado e da Sé de Lisboa, os únicos entre eles que se encontravam em perfeitas condições, não dispensando, no entanto, que previamente aos Concertos, por mim fossem afinados.

Aos conscienciosos profissionais e actuais organistas, não deixo de perguntar:

Estarão todos esses Órgãos nas melhores condições de funcionamento e afinação que possa satisfazer não só quem os usa, mas quem tem interesse de os apreciar, não pelo seu visual, mas pela qualidade musical ou sonante?

Deixo aqui a pergunta a quem honestamente tenha a coragem e a sinceridade de responder.

 

Anotação:

A Professora Gertrud Mesrsiovsky, em Lisboa antecedeu a Joaquim Simões da Hora, no Conservatório Nacional.

Depois de ter deixado Portugal terá ido para o Brasil onde continuou como Organista, Professora e Concertista, tendo em 1982 celebrado os seus 80 anos de idade! Creio que completando agora 90 anos de idade, ainda entre nós se deva encontrar. Assim Deus o permita! 

 

Manuel da Costa

Sydney, 4 de Setembro de 2022

 

Friday, September 2, 2022

ORGÃOS DE TUBOS, ORGANISTAS E ORGANEIROS

 

                              

                                

                                  ORGÃOS DE TUBOS, ORGANISTAS E ORGANEIROS

 

O que certa surpresa me pode causar, é o porquê do “silêncio” dos organistas quanto à falta de reacção aos comentários que tenho dado a conhecer, com base no meu parecer sobre notícias que até mim através de determinada publicidade e a tão longa distância vão chegando!

Como não poderia deixar de ser, até por “deformação profissional”, tem sido o alertar sobre o que com os Órgão de Tubos em Portugal se pode passar, não só os que real e conscienciosamente terão sido profissionalmente Restaurados, como supostamente se dizem o terem sido.

Sempre me empenhei na defesa da originalidade dos órgãos antigos e históricos em Portugal, o que aprendi a respeitar, tendo nisso e para isso trabalhado e sido formado. Os 60 anos da minha vida de trabalho relacionados com esses instrumentos, entre eles uma especialização em Restauro na Holanda de 5 anos, e alguns anos mais em restauros na Austrália, onde prossegui na minha carreira de Organeiro por 31 anos mais, concede-me o direito de poder avaliar o que de bom e de mal possa ter sido feito nesses órgãos ditos “restaurados”.

Só cerca de 2 décadas depois de eu do meu país ter saído, começaram a aparecer alguns organeiros que se instalaram no Norte de Portugal, alguns estrangeiros e creio que apenas 1 ou 2 portugueses que na Alemanha e Suíça terão trabalhado e aprendido a arte de Organeiro. Não poderei pronunciar-me sobre a qualidade de trabalhos feitos, uma vez que nunca tive a oportunidade de os poder apreciar.

Apesar da publicidade feita sobre “uma escola de organeiros” dirigida por alguém que de formação em organaria apenas terá “fama e relativo proveito”, mas a quem não lhe foi reconhecida pelo Estado Português, competência para satisfazer a sua intenção em “passar diplomas” aos seus aprendizes! Notícia por ele mesmo dada a conhecer e onde se lamentou, num programa transmitido pela RTP.                             

Mais ainda, ter de recorrer a “estranhos” para poder concorrer oficialmente a outros trabalhos, dá a entender que com profissionais organeiros em Portugal, pouco se pode esperar.                                         Já com o Grande Órgão da Sé de Lisboa, que anos passados terá sido dado como “sem conserto” por este mesmo “profissional”, foi necessário recorrer a holandeses!  

Pelo que é dado recentemente a entender, houve necessidade de chamar organeiros da Alemanha, para fazer a recuperação do órgão da Igreja da Lapa. Será porque os que em Portugal se encontram, possam não satisfazer a confiança profissional para com competência realizar determinados trabalhos?

Por diversas vezes o tenho afirmado, e continuo a afirmar, que nada de pessoal tenho contra esses “organeiros restauradores”, mas sempre e unicamente no que é referente à sua insuficiente, ou não formação profissional, por eles mesmos através da Internet, e publicamente terem dado a conhecer.

Nunca me referi a “novos trabalhos de construção, reconstruções ou reparações”, que possam bem ou mal terem sido feitos, mas sempre e apenas aos “Restauros” que se pretende por eles terem sido executados, comoo dizem ou afirmam com tanta convicção.

A minha ausência do país onde metade da minha vida passei e trabalhei, não justifica que tenha desconhecimento do que a esses “restauros” tem acontecido, para mais com o apoio do Estado e da Igreja, sem que habilitados e creditados consultantes tenham sido dados a conhecer. Designadamente nos trabalhos feitos posteriormente nos órgãos da Sé do Porto, Sé de Faro e manutenção do da Capela da Universidade de Coimbra, instrumentos esses que pelas minhas mãos passaram durante o Restauro na Holanda e em Portugal, até 1974.

Infelizmente muito pouco ou nada é dito sobre o estado em que se encontra o da Sé de Évora.               Quanto aos órgãos de Mafra, que uma década depois de terem sido “restaurados” estiveram inactivos, abstenho-me de repetir o que já sobre isso escrevi

Tudo por hoje!

Manuel da Costa