ORGÃOS DE TUBOS, ORGANISTAS E ORGANEIROS
O que certa surpresa me pode causar, é o porquê do “silêncio” dos organistas quanto à falta de reacção aos comentários que tenho dado a conhecer, com base no meu parecer sobre notícias que até mim através de determinada publicidade e a tão longa distância vão chegando!
Como não poderia deixar de ser, até por “deformação profissional”, tem sido o alertar sobre o que com os Órgão de Tubos em Portugal se pode passar, não só os que real e conscienciosamente terão sido profissionalmente Restaurados, como supostamente se dizem o terem sido.
Sempre me empenhei na defesa da originalidade dos órgãos antigos e históricos em Portugal, o que aprendi a respeitar, tendo nisso e para isso trabalhado e sido formado. Os 60 anos da minha vida de trabalho relacionados com esses instrumentos, entre eles uma especialização em Restauro na Holanda de 5 anos, e alguns anos mais em restauros na Austrália, onde prossegui na minha carreira de Organeiro por 31 anos mais, concede-me o direito de poder avaliar o que de bom e de mal possa ter sido feito nesses órgãos ditos “restaurados”.
Só cerca de 2 décadas depois de eu do meu país ter saído, começaram a aparecer alguns organeiros que se instalaram no Norte de Portugal, alguns estrangeiros e creio que apenas 1 ou 2 portugueses que na Alemanha e Suíça terão trabalhado e aprendido a arte de Organeiro. Não poderei pronunciar-me sobre a qualidade de trabalhos feitos, uma vez que nunca tive a oportunidade de os poder apreciar.
Apesar da publicidade feita sobre “uma escola de organeiros” dirigida por alguém que de formação em organaria apenas terá “fama e relativo proveito”, mas a quem não lhe foi reconhecida pelo Estado Português, competência para satisfazer a sua intenção em “passar diplomas” aos seus aprendizes! Notícia por ele mesmo dada a conhecer e onde se lamentou, num programa transmitido pela RTP.
Mais ainda, ter de recorrer a “estranhos” para poder concorrer oficialmente a outros trabalhos, dá a entender que com profissionais organeiros em Portugal, pouco se pode esperar. Já com o Grande Órgão da Sé de Lisboa, que anos passados terá sido dado como “sem conserto” por este mesmo “profissional”, foi necessário recorrer a holandeses!
Pelo que é dado recentemente a entender, houve necessidade de chamar organeiros da Alemanha, para fazer a recuperação do órgão da Igreja da Lapa. Será porque os que em Portugal se encontram, possam não satisfazer a confiança profissional para com competência realizar determinados trabalhos?
Por diversas vezes o tenho afirmado, e continuo a afirmar, que nada de pessoal tenho contra esses “organeiros restauradores”, mas sempre e unicamente no que é referente à sua insuficiente, ou não formação profissional, por eles mesmos através da Internet, e publicamente terem dado a conhecer.
Nunca me referi a “novos trabalhos de construção, reconstruções ou reparações”, que possam bem ou mal terem sido feitos, mas sempre e apenas aos “Restauros” que se pretende por eles terem sido executados, comoo dizem ou afirmam com tanta convicção.
A minha ausência do país onde metade da minha vida passei e trabalhei, não justifica que tenha desconhecimento do que a esses “restauros” tem acontecido, para mais com o apoio do Estado e da Igreja, sem que habilitados e creditados consultantes tenham sido dados a conhecer. Designadamente nos trabalhos feitos posteriormente nos órgãos da Sé do Porto, Sé de Faro e manutenção do da Capela da Universidade de Coimbra, instrumentos esses que pelas minhas mãos passaram durante o Restauro na Holanda e em Portugal, até 1974.
Infelizmente muito pouco ou nada é dito sobre o estado em que se encontra o da Sé de Évora. Quanto aos órgãos de Mafra, que uma década depois de terem sido “restaurados” estiveram inactivos, abstenho-me de repetir o que já sobre isso escrevi
Tudo por hoje!
Manuel da Costa
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