Uma recordação composta de:
saudade, alegria, tristeza e raiva.
Ter
encontrado rostos neste vídeo que me fizeram recordar esses bons momentos que
passei com muitos dos companheiros da Orquestra.
Alegria por ver neste vídeo a presença daqueles com quem trabalhei, e saber
que ainda sinto a amizade de alguns dos dignos instrumentistas que já deixaram
a orquestra, só lamentando não me ter sido possível obter os seus contactos. No
entanto não perdi a esperança de ainda o conseguir.
Tristeza pelo tempo que dediquei à Orquestra Gulbenkian, ter sido reconhecido
profissionalmente na função de Encarregado, tendo para isso aplicado todo o meu
esforço na adaptação àquele lugar, e graças ao apoio prestado pelo colega meu
antecessor, José dos Reis Colaço, já falecido, assim como à colaboração e
adestramento do Director Artístico, o maestro Werner Andreas Albert a quem
assisti durante os primeiros 2 anos, e por fim ter de me afastar de todos
aqueles amigos que lá deixei.
Ainda a
parte mais penosa para mim, o ter deixado a Fundação, por ter sido a única
opção que tive para não perder as minhas capacidades profissionais de
Organeiro.
Raiva por me ter sentido enganado e frustrada a continuação da minha
verdadeira carreira profissional, quando ao fim de 5 anos ao serviço da Fundação
Calouste Gulbenkian me foi exigido o abandono dessa mesma carreira, para me
manter numa posição que não era aquela a prometida e para a qual me haviam preparado!
Por
outro lado, os maus momentos passados quando após o 25 de Abril, alguns dos
“artistas progressistas” que na orquestra se sentiam seres superiores, pessoas
sem carácter, dignidade ou respeito pelos seus próprios colegas instrumentistas,
tentaram causar-me uma situação desagradável no cumprimento dos meus deveres e de
lealdade para com a Fundação.
Neste
vídeo não pude ignorar a presença de um deles, que embora considerado como sendo
um dos piores “artistas” na orquestra, foi um dos causadores da instabilidade
nas relações entre colegas.
Saraiva da Costa,
Manuel
Sydney 21-3-2012
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