16-9-2012
CAP. V
"A FALAR E ESCREVER, NOS PODEREMOS
ENTENDER"
ACERCA DAS PENSÕES DE REFORMA EM PORTUGAL, EM
COMPARAÇÃO COM A AUSTRÁLIA
Há poucos dias, um australiano meu conhecido, a
par da situação dos despedimentos e falta de trabalho em Portugal, fez-me este
comentário:
Trabalhei recentemente um par de anos em Portugal, e
apreciei que ao contrário da Austrália, as pessoas procuram ser reformadas
antes da idade prevista. Só consigo compreender essa atitude por dois motivos:
não terem necessidades económicas e portanto não necessitam de trabalhar (pois
já se sentem suficiente ricos), ou porque querem esperar na ociosidade que o
governo os possa sustentar, caso o rendimento da reforma não seja suficiente
para levarem uma vida sem sacrifício e confortável.
Ora pensando bem, tenho que lhe dar razão! A não
ser para aqueles que acumulam 2 e mais reformas, atingindo o suficiente para
poderem levar uma vida confortável e sem restrições, ou se prematuramente
pensam (uma utopia) que outros trabalharão para eles, preferindo depois queixarem-se
da situação em que se encontram, mas por eles adoptada.
Não está aqui posta em causa as reformas
justificadas por motivos de doença, desemprego, ou prestação de assistência a
alguém necessitado.
No tempo em que entrei na idade de ter de trabalhar,
tinha uma semana laboral de 6 dias, 48 horas. As reformas praticamente eram inexistentes,
uma vez que empregados e empregadores fugiam aos respectivos descontos. Outros,
empregados a quem os descontos eram feitos, não chegavam a dar entrada nos Serviços
Sociais, (no caso de minha mulher). Aqueles que conseguiam ter uma reforma,
eram quase considerados uns privilegiados!
Os tempos mudaram para melhor, assim como as
condições de reforma, com facilidades para uns e dificuldades para outros. Uns
com pensões chorudas, outros com pensões de miséria.
Na generalidade, aqui na Austrália, a pensão de
reforma por limite de idade, aos 65 anos, creio que equiparada ao vencimento
mínimo nacional, não é concedida a quem possa ter qualquer rendimento igual ou
superior a essa pensão, o que eu também não considero justo, uma vez que contribuíram
para isso, pagando os seus impostos. No entanto essa pensão que é igual para
todos aqueles que não têm rendimentos extras, dá para viver fora da miséria.
Existe a possibilidade de na idade da reforma
poder auferir uma pensão superior, se tiver havido descontos extras para esse
fim, ou outros rendimentos, fruto de heranças ou poupanças, que sendo superior ao
valor da pensão, já a esta não tem direito. No meu caso pessoal, eu e minha
mulher trabalhamos arduamente durante 31 anos, desde que aqui chegamos, e
preparamos a nossa própria pensão de sobrevivência.
Aposentei-me com 72 anos de idade, podendo por
direito e opção, trabalhar até aos 75. Não tendo eu desculpas de doença ou inaptidão
para o trabalho que exercia, só deixei de o fazer por motivo de não me querer
envolver em propostas duvidosas e menos lícitas, feitas pela entidade onde
tinha o meu trabalho principal, o que poderiam pôr em risco a minha reputação
profissional. Caso contrário, estaria ainda no activo, porque me sentia com
forças e com capacidade para continuar até que fosse encontrado quem me deveria
suceder, com a mesma dedicação e competência, o que infelizmente assim não
aconteceu.
Há no entanto a salientar, que nos países
“Democráticos”, como Portugal, os governos e seus associados, não fazem parte
do povo mas sim de uma “Nobreza Política”, sendo esses que “fabricam” as Leis a
seu contento e medida, sem ser posta em causa a qualidade do seu “trabalho”.
Os seus exemplos no interesse da Nação que
pretendem representar, passam por ser indiscutíveis ou censuráveis, para
salvaguardar a sua prepotência sobre a classe Plebeia. E assim, à sua
ostentação de vida e de consumo, e o direito às pensões de reforma, estão fora
do procedimento que é dado a qualquer outro cidadão comum!
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“Gemendo e chorando,
com muito ou pouco
cá nos vamos sujeitando,
até que um dia possamos compreender
e aceitar, todas as Injustiças
que nesta Vida teremos de sofrer”.
Como será possível acreditar num Governo, e seu Primeiro
Ministro, que não fala em abdicar dos luxos e todos os excessos de consumo,
além de outras muitas regalias, dando o seu exemplo antes de exigir sacrifícios
a um Povo massacrado pela situação caótica em que puseram Portugal?
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