8-1-2013
ACONTECEU E NUNCA ESTIVE ARREPENDIDO.
Era eu um adolescente, e até já depois de me
encontrar casado, nunca pela ideia me passou deixar Portugal, emigrando.
Tive a oportunidade, de por 3 meses, com
viagens pagas e estadia, sem nada ter a perder ou a temer, de ter estado na
Holanda como candidato a uma bolsa de estudo pela Fundação Calouste Gulbenkian
em Lisboa.
Foi para mim uma grande aventura e uma grande
experiência o ter deixado o meu país, a minha família, nessa ocasião já com uma
filhinha de 4 anos de idade, assim como todos os amigos. Fui para um novo país
onde não conhecia ninguém, sem falar aquela ou outra língua que não fosse o
português.
De costumes diferentes; clima diferente;
acomodação diferente; alimentação a que não estava acostumado, somente o
trabalho no qual me iria especializar é que me era familiar e agradável.
A comunicação com aquele povo, difícil no
início, começou por não ser grande problema, porque quando há interesse, força
de vontade e entre pessoas que nos acolhem e procuram também compreender-nos e
ajudar-nos, como os responsáveis pela minha estadia, colegas no trabalho e até
outros novos amigos portugueses com quem lá fiz amizade, foi o estímulo para
nesses 3 meses conseguir perder o complexo linguístico.
Claro que contribuiu bastante a idade que
tinha.
No final dessa primeira experiência tive de
regressar a Portugal, pois tendo eu passado naquela prova de aptidão à
candidatura da bolsa que seria de 5 anos, a Fundação deu-me também a facilidade
de me fazer acompanhar pela minha mulher e minha filha, até à conclusão daquele
estágio. O tempo seguinte foi para a preparação da documentação com autorização
de ausência do país para cada ano, uma vez que o nosso passaporte era de
turista, e para organizar a viagem e encontrar residência na Holanda que nesse
tempo alem de ser muito difícil era também restrita.
Tive de voltar sozinho para a nova terra, e no
final de um par de semanas, depois de regularizada toda a situação de
residência familiar, é que me vi acompanhado pela minha família: a mulher e uma
filha, como disse, de 4 anos.
A nossa situação não era propriamente a de
emigrante, pois nem esse passaporte nos foi concedido, e perante as autoridades
Holandesas estava-mos autorizados a lá viver na condição de uma família em que
só eu ali poderia trabalhar como estudante.
Durante todo o tempo em que lá vivemos e já
adaptados aquela terra e aquela gente,
começamos por dar conta das facilidades que em
Portugal não estávamos habituados.
As diferenças, muito mais para melhor do que
para pior, daria uma longa lista se aqui as quisesse descrever.
Na prática, não tendo saído do meu país na
situação de emigrante, nem vivido na Holanda oficialmente como imigrante,
sempre nos consideramos “navegando dentro do mesmo bote”.
Hoje, e com pundonor, depois de ter sido
obrigado pelas circunstâncias já de muitos conhecidas, desde há 33 anos somos
oficialmente uma Família de Imigrantes na Austrália.
Tivemos de sair da nossa terra para que de
futuro pudéssemos ter uma vida melhor, modificando a nossa tacanha mentalidade,
e assim ter uma visão mais ampla da vida.
Sobretudo perder aquilo que infelizmente
Portugal é farto, como o Snobismo ou Presunção, Despotismo, Irresponsabilidade,
Degradação, e tantas coisas mais que de mau tem transformado o Portugal de
Outrora.
Manuel da Costa
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