NA HOLANDA HÁ 47 ANOS ATRÁS.
No jornal local que semanalmente é distribuído
aqui em Sydney gratuitamente de porta em
porta, com notícias e publicidade comercial, desde venda de casas, carros e
outras mercadorias diversas, entre elas farmacêuticas fazendo propaganda de
artigos de beleza, vitaminas, medicamentos, etc., uma Farmácia anuncia a venda
de azeite de oliveira em latas de 4 litros!
Nada de especial este anúncio de promoção, a
não ser uma Farmácia vender latas de 4 litros de azeite. Talvez para muita gente
possa já ser normal, mas para outra pode torna-se um pouco invulgar tratando-se
de uma Farmácia e não de uma mercearia ou supermercado.
ISTO VEM A PROPÓSITO DO QUE SE PASSOU COMIGO
NA HOLANDA HÁ 47 ANOS ATRÁS.
Uma pequena história sobre um acontecimento que
na altura me surpreendeu, e que nos dias de hoje é apenas banal.
Estava eu pela primeira vez fora do meu país,
lidando com um idioma para mim desconhecido e costumes diferentes. A
convivência com pessoas desconhecidas, e sobretudo, a alimentação confeccionada
diferentemente daquela a que estava habituado.
Nos primeiros tempos, o ter de comer
sanduíches com recheio de pastas e outros ingredientes a que não estava
habituado, foi para mim bastante penoso.
Logo que consegui fazer-me entender e ser entendido
pela minha hospedeira, senhora holandesa já de certa idade, convenci-a a que me
cozinhasse arroz como base das refeições.
Acontece que além das sanduíches passei a
comer arroz branco, cozido sem sal e sem qualquer paladar, quase todos os dias durante
umas semanas. Claro que acompanhado com molhos, carne, vegetais e outros “acompanhamentos”.
Decidi então pedir-lhe que me deixasse
cozinhar o arroz da maneira a que estava habituado, ou seja, com o respectivo
refogado, e que para isso teria de ter cebolas e azeite.
No dia seguinte, ela apresentou-me uma cebola e
um frasco com 100 ml de azeite puro de oliveira, mas disse-me logo que tinha
ficado muito caro, e ter tido dificuldade em o encontrar, o que só conseguiu na
Farmácia onde era cliente!
Posteriormente, e tendo a informação de outros
portugueses ali imigrados, comprei numa loja espanhola, uma garrafa de 1 litro
por menos de metade do preço que havia custado na Farmácia os 100 ml.
A partir daí, a senhora aprendeu e gostou de
cozinhar o arroz frito, só que teria de se habituar ao cheiro do estrugido, ao
qual não estava acostumada e que possivelmente iria incomodar também a
vizinhança. Mas poucos dias depois, ela e as amigas já cozinhavam o arroz frito,
concordando que na realidade era mais gostoso!
Daí em diante já me sentia mais satisfeito
quando tinha de comer batatas cosidas com arroz, feijão de lata com arroz,
vegetais com arroz e com tudo o menos convencional, mas acompanhado do arroz “à
minha maneira”.
Esta experiência por que passei, com muita
“lazeira” à mistura durante os primeiros três meses, fez-me “engordar” mais 4
quilos, mas à custa de 1,5 litros de leite com chocolate que eu bebia
diariamente.
Sydney, 14-5-2012
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