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Sydney, N.S.W., Australia
Aos 12 anos de idade comecei como aprendiz com meu pai, na construção, reparação e afinação de Harmónios. Reparação e afinação de Pianos e Órgãos de Tubos. [instrumentos musicais] Aos 16 anos trabalhava por conta própria. Com 22 anos tinha a Carteira Profissional na especialidade de Rádio e Electrónica, que me permitiu trabalhar nos acordeões e órgãos electrónicos, amplificadores de som, e acumulei ao meu trabalho nos instrumentos, a manutenção do controlo electrónico das novas máquinas instaladas na “FACAR”, em Leça da Palmeira, Matosinhos. Aos 27 anos fui para a Holanda com uma bolsa de estudo onde me aperfeiçoei na Construção, Manutenção, Afinação e Restauro dos Órgãos Antigos ou Históricos. Trabalhei como Organeiro na Gulbenkian em Lisboa, de 1970 a 1974, e como Encarregado da Orquestra Gulbenkian, de 1974 a 1980. Em 1980 emigrei para trabalhar no restauro do "Sydney Town Hall Grand Organ". Em 1990 como "Mestre Organeiro" foi-me entregue, a conservação, manutenção e afinação daquele prestigioso Órgão, no qual trabalhei 31 anos, até me aposentar em 2011. com 72 anos de idade. Ver mais no meu CURRÍCULO.

Saturday, August 13, 2022

RESTAURO, NÃO É RECONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO OU ARRANJO






             




Reconstruir, reparar ou arranjar, pode implicar adaptação, modificação ou alteração ao original. O que não pode ser considerado como Restauro, e sim uma profanação à sua original construção.

Há quem diga ter restaurado um objecto, sem ter consciência ou respeito pelo valor da sua antiguidade, por entender que poderá não satisfazer os caprichos ou os gostos actuais, mas é a história desse objecto, neste caso o Órgão de Tubos, que estará em causa, pelo comprometimento no seu aspecto e funções que o caracteriza.

A escola é onde os conhecimentos são transmitidos pelos mais velhos e experientes profissionais, aqueles que ao Restauro se dedicaram e obtiveram conhecimentos dessa arte, àqueles que com eles devem aprender com os seus ensinamentos.

Na Arte do Restauro, há quem pretenda saber tudo, ou mais do que aqueles que com consciência e genuinamente respeitam ou procuram respeitar a originalidade da sua construção, e portanto preservar a sua história.
Ainda o pior, são esses que sem qualquer formação em organaria, mas considerando-se já Mestres experientes, procuram ensinar aquilo que nunca aprenderam.

Não é improvisando “melhoramentos”, destruindo o que é de bom e de mau, aquilo que o autor criou, que identifica a sua originalidade e o distingue.
Isto a propósito do que em Portugal tem sido feito com pretensiosos “restauros” dos órgãos de tubos antigos e históricos.

A Fundação Calouste Gulbenkian, na pessoa da então directora do Serviço de Música, Dra. Maria Madalena Perdigão, quis preservar esses instrumentos, com um projecto de Recuperação e Restauros, então iniciado no estrangeiro nos anos 60 do século passado, porque em Portugal não havia quem com comprovada capacidade e conhecimento, os pudesse fazer.
Em 1974, infelizmente esse projecto acabou por não ter continuidade, por decisões de políticas resultantes da então revolução, de 25 de Abril.

Os Governos que a partir de então se sucederam, tiveram a preocupação não de governarem o País, mas governando-se a si próprios, com apoio daqueles que então para isso por eles foram aliciados, abrindo caminho para um oportunismo irresponsável e desmedido.

Profissionais competentes de todas as profissões, necessários para engrandecer a Nação, tiveram de emigrar para dar lugar a tantos outros, ou mais, que rapidamente “à la minute” se formaram, sem que possuíssem conhecimentos, e muito menos prática, habilitações mínimas necessárias para os trabalhos a executar, tornando-se cúmplices em “negócios menos claros”, que não só os favoreciam como iriam favorecer aqueles a quem os trabalhos lhes entregava.
A falta de responsabilidade e a desonestidade não seria só da parte dos governantes, mas até da Igreja, a quem esses órgão estão confiados.

Por inúmeras vezes tenho escrito a este respeito, no que se refere ao órgãos supostamente restaurados, sem supervisão de alguém para isso acreditado, facilitando assim que pretensiosos restauradores façam o que entendam e o que apenas sabem fazer, já que para genuínos Restauros não estão credenciados.

Nunca qualquer Ministério dos Governos após 1974, deu público conhecimento de quem tivesse sido legitimamente responsável pela orientação e qualidade daqueles muitos “restauros” que se fizeram e continuam a fazer, não obstante eu mesmo e por diversas vezes o ter solicitado.

Tudo o que a este respeito escrevo e tenho escrito, é na tentativa ou intenção de poder contribuir para a Defesa e Preservação, não apenas material como histórica, dos antigos e históricos Órgãos de Tubos, nosso Património Cultural e Nacional.

Manuel da Costa,

Sydney, 27 de Agosto de 2019




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