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COMENTANDO SOBRE EMIGRAÇÃO
Atribuindo-se
à situação crítica que Portugal atravessa, muito se falou e se fala acerca do
Governo incitar à emigração, como recurso de muitos jovens, e não só, que não
encontram trabalho no seu País, e daí uma sentida frustração que lhes é
imposta.
No tempo
"Salazarista", o Governo tentava impedir essa emigração, que embora fosse
favorável a quem emigrava, era negativo para o progresso do desenvolvimento e
economia do país.
Após os
Governos que sucederam ao Dia do Oportunista, em 25 de Abril de 1974, aqueles
profissionais a quem pretendiam equiparar com os novos progressistas do
oportunismo indiscriminado, viram-se na necessidade de, aproveitando as
facilidades que lhes eram oferecidas, emigrar para outros países com condições
de honestamente poderem singrar económica e socialmente, assim como garantindo
o futuro de seus filhos. Digo isto por experiência própria.
Evidentemente, emigrar não seria fazer turismo. O prazer de conhecer novas terras e novas gentes, não seria aquilo com que se deparava. Os sacrifícios começavam logo à saída, quando se deixava o meio a que se estava acostumado, os amigos e principalmente a família.
Nos países de acolhimento, por muito bem recebidos que fossem, apareciam de imediato outras dificuldades, como o idioma, acomodação, alimentação, e obviamente a saudade que só o emigrante sabe do seu verdadeiro significado.
A acomodação, que não é em hotéis de 5 estrelas, é por vezes o que mais se estranha à chegada, comparando com a casa que deixamos, e à qual estava-mos acostumados.
A
alimentação, se não forem os próprios a prepará-la, diferente daquela a que se
está habituado, é um padecimento até que se consiga adaptar a uma nova realidade.
Quem não se fizer acompanhar pela família mais próxima, então o mais
mortificante ainda, é a saudade.
Emigrar
ou ser Imigrante, é uma experiência que requer uma decisão enorme de coragem e
vontade de vencer, quando por motivos tão diversos se é obrigado a procurar
aquilo que o seu País não lhe pode, ou não lhe quer dar.
Aqueles
que nunca da sua terra saíram, nunca poderão compreender o que no início é ser
imigrante. Mas também para emigrar há que estar preparado para uma vida
diferente, não só de muitas privações como dedicação ao trabalho, por vezes tão
árduo para aqueles que na sua terra a isso não estavam habituados ou
dispostos.
Como
se pode verificar, até nos dias de hoje, aqueles que mais úteis poderiam ser ao
seu país, sentem-se repelidos por não verem num futuro próximo melhores
condições de vida na terra onde nasceram, se criaram e se educaram, depois de
os terem enganado com uma faustosa e fictícia forma de viver, isto, nestas
últimas décadas anteriores à situação actual.
Muito
eu teria a contar, sobre os meus primeiros 5 anos na Holanda e os mais de 37 na
Austrália, sobre o que eu passei, minha esposa e três filhos quando aqui
chegaram. Hoje, graças a Deus, sem arrependimento do passo dado, me sinto feliz e realizado, assim como a famíla que me acompanhou.
É
da sabedoria popular que se diz: “Há males que vêm por bem”, e muitos estarão
agradecidos às circunstâncias que os incentivou a deixarem Portugal, para
trabalhar e viver dignamente no estrangeiro, sem que no entanto sejam
indiferentes e insensíveis ao estado em que se encontra o seu País de origem,
por consequência do oportunismo torpe dos maus Governos que se dizem
Democráticos, e onde continua a reinar o oportunismo desonesto, a incompetência e corrupção.
Manuel da Costa
Sydney, 20 de Outubro de 2012
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