“O ENCARREGADO DA ORQUESTRA”! II VERSÃO
Um pequeno acrescento a fazer parte da minha “Biografia & Currículo”.
Uma definição de trabalhos que especificamente não é do conhecimento geral, pois nunca ao público teria sido dado a conhecer, assim o creio. Daí, eu sobre este tema dar conhecimento do que durante o tempo em que com a Orquestra Gulbenkian trabalhei.
A minha função como Encarregado da Orquestra, foi-me atribuída pelo Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian, para acumular ao meu trabalho principal de Organeiro, na manutenção, afinação e restauro dos órgãos de tubos, conforme já foi dado a conhecer, após terminar a bolsa para a minha especialização na Holanda.
Durante o tempo desocupado nos trabalhos a executar nestes instrumentos, trabalharia em conjunto com o então Encarregado da Orquestra, que devido à sua idade e estado de saúde, teria dificuldade de executar algumas das tarefas, como por exemplo, nas suas deslocações fora da Fundação, e vindo depois a falecer dentro de um curto espaço de tempo.
Não posso deixar de dar a conhecer, a quem não conheceu o meu relacionamento com as deslocações da Orquestra. Um daqueles trabalhos feitos na “sombra”, que o Público desconhece.
Muitas foram as vezes, entre 1970 e 1980, que acompanhei a Orquestra Gulbenkian em deslocações para concertos, dentro e fora do país. Fui como Encarregado da Orquestra, também a única pessoa a encarregar-se e zelar pelo transporte dos instrumentos maiores, como Contrabaixos, Tímpanos, Cravo, além de outros materiais quando necessários, como tratando-se de estantes portáteis e iluminação. Responsável pelas partituras, colocação, e montagem da iluminação, nos locais menos preparados ou adaptados para esses concertos. Trabalho muitas das vezes tão árduo e cansativo, fora das vistas de quem essas funções desconhece, por não ter tido ocasião de as poder apreciar!
Nesse tempo, cerca de 36 instrumentistas, (ou mais quando havia acrescentos), algumas vezes fazendo-se acompanhar pelo Coro Gulbenkian, para não me referir em ajuda administrativa frequentemente também prestada. Sempre essas tarefas foram executadas com eficiência, dedicação e grande satisfação do dever conscientemente cumprido. Disso poderão testemunhar aqueles que ainda hoje e desse tempo sobrevivem, quer da Orquestra, do Coro ou Administrativos do Serviço de Música, embora e infelizmente, por muitos outros tivesse sido incompreendido.
Um trabalho a que me sujeitei, para servir a Fundação Gulbenkian, acumulando o de Organeiro, a razão por que nessa instituição fui admitido, depois de a Fundação comigo ter investido uma pequena fortuna como Bolseiro! Sinto-me grato, mas ao mesmo tempo creio que após 10 anos de a ter compensado com dedicação, eficiência e lealmente, poderei dizer que não me sinto devedor, até pela ção sentida no final desse tempo, embora reconhecido e estimado por muitos dos meus colegas, muito especialmente o Dr. Luís Pereira Leal, então o Director do Serviço de Música.
Frustração de não poder continuar na profissão de Organeiro, conforme me havia sido prometido, que me levou a emigrar, quando convidado para trabalhar em Sydney, Austrália, no Restauro daquele que no final do Século XlX, era o maior órgão do mundo.
Pude então continuar a minha carreira como Organeiro Especializado durante mais 31 anos, até me aposentar aos 72 anos de idade, em 2011, com sucesso e apreço, o que no meu País me havia sido negado.
Sydney, Austrália, 7 de Setembro de 2024.